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Untitled - Universidade do Minho

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Auxiliar na salvação da alma <strong>do</strong>s irmãos defuntos consistia numa tarefa prioritária entre<br />

os terceiros franciscanos. Essa imposição relembrava aos seus associa<strong>do</strong>s a fugacidade da vida.<br />

Igualmente, trazia à lembrança o purgatório como local de expiação e a necessidade <strong>do</strong> auxílio<br />

<strong>do</strong>s vivos para a libertação das almas ali alocadas.<br />

A execução de todas as orações poderiam ocorrer em qualquer localidade e se algum<br />

irmão, devi<strong>do</strong> o seu trabalho, não pudesse realizá-las deveria solicitar ao padre comissário<br />

alguma forma de comutação, para continuar a dar cumprimento às suas obrigações de terceiro.<br />

Além das orações constantes, aos terceiros franciscanos também recomendavam: “nas<br />

segundas, quartas e sextas-feiras de cada semana tomem disciplinas”. No século XVIII, disciplina<br />

significava “com que se açouta o corpo” 35 , sen<strong>do</strong> “tomar disciplina” compreendi<strong>do</strong> como<br />

açoitar-se ou flagelar-se. Um resquício medieval entre os terceiros franciscanos, a prática de<br />

auto-flagelação decorria também em outras associações em diferentes locais. Observa-se essa<br />

prática entre os espanhóis, em Ferrol 36 , e também entre os seculares franciscanos da cidade <strong>do</strong><br />

Porto. Nesta última, havia menos rigor na prática de “tomar disciplina”, pois somente as sextas-<br />

feiras seus irmãos realizavam tal obrigação. 37 Não somente nas Ordens Terceiras franciscanas<br />

impunham a disciplina a seus membros, na agremiação terciária carmelita portuense a auto-<br />

flagelação igualmente fazia parte <strong>do</strong>s exercícios religiosos de seus irmãos, durante to<strong>do</strong> o ano,<br />

sen<strong>do</strong> recomendada nos mesmos dias seleciona<strong>do</strong>s pela instituição franciscana de Braga. 38<br />

Apenas os homens participavam desse ato penitencial, os estatutos bracarenses<br />

recomendavam as mulheres orações pelas manhãs na igreja da Ordem Terceira ou em suas<br />

casas. 39 A exclusão das mulheres da disciplina relacionava-se com a crença na incapacidade<br />

física <strong>do</strong> sexo feminino para tal acto.<br />

35 De acor<strong>do</strong> com BLUTEAU, Raphael – Vocabulario Portuguez e Latino. vol. 3. Coimbra: Colégio de Artes da<br />

Companhia de Jesus, 1711. p. 240.<br />

36 A respeito da disciplina entre os irmãos terceiros em Espanha ler MARTÍN GARCÍA, Alfre<strong>do</strong> – Religión y sociedad en<br />

Ferrolterra durante el Antiguo Régimen. La V.O.T. seglar franciscana..., pp. 132-137.<br />

37 A prática da disciplina entre os terceiros franciscanos na cidade <strong>do</strong> Porto consta em Estatutos e Regra da Ordem<br />

Terceira de São Francisco da cidade <strong>do</strong> Porto…, p. 15.<br />

38 Os irmãos terceiros carmelitas, da cidade <strong>do</strong> Porto, deveriam realizar a disciplina as segundas, quartas e sextas-<br />

feiras. Conforme COSTA, Paula Cristina de Oliveira – Os terceiros carmelitas da cidade <strong>do</strong> Porto (1736-1786). Braga:<br />

Instituto de Ciências Sociais, <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Minho</strong>, 1999. Dissertação de Mestra<strong>do</strong>. Policopiada. p. 174.<br />

39 AOTB, Estatutos da Veneravel Ordem Terceira da cidade de Braga 1742, fl. 27.<br />

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