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Untitled - Universidade do Minho

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Este pedi<strong>do</strong> especial demonstra a crença na mais rápida expiação <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s de<br />

acor<strong>do</strong> com o lugar de sepultamento. Os santos, grandes intercessores celestes, ajudavam<br />

sobremaneira as almas devotas durante a caminhada rumo à salvação. A confiança depositada<br />

em suas devoções durante a vida transparecia também no momento da morte. 103<br />

8.4 - Os lega<strong>do</strong>s<br />

Os receios e temores em relação ao destino da alma inspirava os fiéis a dedicarem boa<br />

parte de suas finanças a instituições religiosas no momento da sua morte. Para garantir a<br />

expiação <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s, no intuito de abreviar a purgação, as pessoas estabeleciam celebrações<br />

litúrgicas que se perpetuavam no tempo. Na primeira metade <strong>do</strong> século XVIII, em Lisboa, os<br />

testatores solicitavam em média 700 missas avulsas em tenção da sua alma. 104 Esse valor<br />

demonstra a adesão aos valores católicos relaciona<strong>do</strong>s ao trepasse e ao além-mun<strong>do</strong>,<br />

paralelamente, indicam também a preferência da missa como celebração expiatória.<br />

Portanto, os testa<strong>do</strong>res dedicavam avultadas somas para celebrações litúrgicas. Esses<br />

lega<strong>do</strong>s pios institui<strong>do</strong>s em prol da elevação das almas, beneficiavam principalmente as<br />

instituições religiosas e leigas. 105 O fornecimento de bens de salvação realiza<strong>do</strong> por distintas<br />

entidades promovia o seu crescimento tanto social quanto financeiro ao atrair avultadas somas,<br />

gastas com cerimônias religiosas e assistência aos desfavoreci<strong>do</strong>s.<br />

A Ordem Terceira bracarense angariou varia<strong>do</strong>s lega<strong>do</strong>s durante os séculos XVII-XIX,<br />

num total de 34 casos.<br />

103 Na sua análise <strong>do</strong>s altares dedica<strong>do</strong>s as almas <strong>do</strong> purgatório, em França, de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII, Vovelle<br />

constatou que “a imagem da Virgem Media<strong>do</strong>ra, quase sempre ajoelhada diante de Cristo senta<strong>do</strong>, acolhen<strong>do</strong> sua<br />

súplica enquanto lhe mostra a cruz, passa para o primeiro lugar, ocorren<strong>do</strong> em quase metade <strong>do</strong>s casos.” VOVELLE,<br />

Michel – Imagens e imaginário na História. São Paulo: Ática, 1997. p. 75.<br />

104 A respeito das missas solicitadas pelos testa<strong>do</strong>res lisboetas ler ARAÚJO, Ana Cristina – Morte. In AZEVEDO, Carlos<br />

Moreira - Dicionário de História Religiosa de Portugal. vol. 3..., p. 273.<br />

105 Sobre os benefícios proporciona<strong>do</strong>s pelos lega<strong>do</strong>s pior deixa<strong>do</strong>s a distintas instituições consultar ABREU, Laurinda –<br />

Purgatório, Misericórdias e caridade: condições estruturantes da assistência em Portugal (XV-XIX). Dynamis. ACTA<br />

HISPANICA AD MEDICIAE SCIENTIARUMQUE HISTORIAN ILLUSTRANDUM. Nº 20 (2000). 405; ARAÚJO, Maria Marta<br />

Lobo de – Rezar e cantar pelos mortos e pelos vivos: as confrarias das almas <strong>do</strong> Pico de Regala<strong>do</strong>s no século XVIII...,<br />

236; SÁ, Isabel <strong>do</strong>s Guimarães – As Misericórdias nas sociedades portuguesas no perío<strong>do</strong> moderno..., 345.<br />

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