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Untitled - Universidade do Minho

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irmãos da Santa Casa da Misericórdia, pois estes elementos faziam parte <strong>do</strong>s cortejos da sua<br />

instituição. 3 A tentativa de simular as cerimônias da Santa Casa, por parte de outra confraria,<br />

afrontava os gestores da instituição. Contu<strong>do</strong>, conflitos causa<strong>do</strong>s pela utilização de símbolos não<br />

decorriam somente com as Santas Casas. Também, entre os mora<strong>do</strong>res da América portuguesa,<br />

assistia-se a disputas semelhantes. Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII, os irmãos terceiros<br />

franciscanos, de Ouro Preto, enfretaram a Arquiconfraria <strong>do</strong> Cordão, formada principalmente<br />

pelos mestiços. Os atritos iniciaram devi<strong>do</strong> ao uso das insígnas da Ordem Terceira pelos<br />

confrades <strong>do</strong> Cordão na procissão executada no dia 2 de Agosto, data da indulgência da<br />

Porciúncula. Os irmãos seculares sentiram-se ultraja<strong>do</strong>s, pois os confrades da Arquiconfraria<br />

realizaram seu cortejo levan<strong>do</strong> “por principal insigna na ditta porciçao hua similhante cruz<br />

chamada da Penitencia de que uzam os suplicantes e a sua Ordem.” 4<br />

Portanto, os símbolos das irmandades e Ordens Terceiras transformavam-se em<br />

instrumentos de afirmação e diferenciação frente aos fiéis, pois revelavam o capital simbólico<br />

inerente a cada agremiação.<br />

Por vezes, as associações poderiam realizar acor<strong>do</strong>s na tentativa de minimizar os<br />

desentendimentos e discórdias nos momentos de exibição pública. A Ordem Terceira<br />

franciscana, da cidade <strong>do</strong> Porto, determinava nos seus estatutos que os irmãos,<br />

simultaneamente confrades da Santa Casa da Misericórdia, em seus enterros não seriam<br />

acompanha<strong>do</strong>s pelos terceiros. 5 De acor<strong>do</strong> com os estatutos da instituição franciscana, essa<br />

3 Sobre os conflitos da Santa Casa da Misericórdia de Viana da Foz <strong>do</strong> Lima e as confrarias locais ler MAGALHÃES,<br />

António – A pompa e a inovação: A Misericórdia de Viana da Foz <strong>do</strong> Lima e os conflitos com as confrarias <strong>do</strong>s<br />

Mareantes (1523-1623). Noroeste. Revista de História. ACTAS DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA.<br />

TERRITÓRIOS, CULTURAS E PODERES. vol. II. Braga: Núcleo de Estu<strong>do</strong>s Históricos - <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Minho</strong>, 2007. pp.<br />

359-375.<br />

4 Cita<strong>do</strong> por TRINDADE, Raimun<strong>do</strong> – São Francisco de Assis de Ouro Preto. Rio de Janeiro: Publicações <strong>do</strong> Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional , 1951. p. 93.<br />

5 As Ordens Terceiras, durante o século XVIII, contestaram as prerrogativas das Santas Casas da Misericórdia,<br />

principalmente no que se refere aos sepultamentos. A respeito das disputas entre as duas associações ler SÁ, Isabel<br />

<strong>do</strong>s Guimarães – Quan<strong>do</strong> o rico se faz pobre: Misericórdias, caridade e poder no império português (1500-1800).<br />

Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações <strong>do</strong>s Descobrimentos Portugueses, 1997. p. 67; ARAÚJO, Maria<br />

Marta Lobo de – Dar aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI-<br />

XVIII). Barcelos: Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa; Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, 2000. pp.<br />

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