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Untitled - Universidade do Minho

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favorecer sua alma após o trepasse. Desde as suas vestimentas, o local de sepultamento e,<br />

posteriormente, as celebração em prol da sua alma configuravam-se em escolhas fundamentais<br />

para salvaguardar o trepasse e a expiação <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s. As diferenças inerentes aos ritos<br />

funerários derivavam, principalmente, <strong>do</strong>s cabedais disponíveis para financiar tais opções.<br />

A elaboração <strong>do</strong>s ritos fúnebres ocupava sobremaneira os fiéis de antanho, sen<strong>do</strong><br />

consequentemente uma opção filiar-se em associações religiosas, visan<strong>do</strong> garantir uma boa<br />

morte. 12 As irmandades e Ordens Terceiras propiciavam aos seus associa<strong>do</strong>s a garantia de<br />

inumação, acompanhamento e sufrágios necessários para uma boa morte. 13 As garantias<br />

proporcionadas por estas agremiações minimizavam o temor da morte e da perdição da alma no<br />

outro mun<strong>do</strong>, constituin<strong>do</strong>-se em importantes atrativos para a população.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, as instituições com maiores capacidades de prover uma boa entrada no<br />

além-mun<strong>do</strong> tornavam-se bastante atrativas e tinham maiores hipóteses de recrutamento entre<br />

os fiéis.<br />

Esta preocupação em atender as almas <strong>do</strong>s faleci<strong>do</strong>s irmãos, ocupou os<br />

administra<strong>do</strong>res da Ordem Terceira, na cidade de Braga, desde o início da sua existência. Entre<br />

as primeiras deliberações <strong>do</strong> Definitório, em 1674, constam as celebrações para cada irmão<br />

faleci<strong>do</strong>. Acordaram mandar celebrar naquele momento “três missas [por] conta da ordem”. 14<br />

A centralidade da missa para a salvação das almas incentivava tal deliberação entre os<br />

irmãos terceiros. Isso porque, a celebração litúrgica constituía-se, no plano terreno, no principal<br />

ato para auxílio das almas atormentadas pela purgação. Evento encabeça<strong>do</strong> pela rememoração<br />

da paixão de Cristo marcava a proximidade <strong>do</strong>s homens ao divino, sen<strong>do</strong> um momento<br />

fundamental da relação <strong>do</strong>s fiéis e Igreja. Essa importância dedicada à celebração da missa ao<br />

socorro às almas surgiu durante a Idade Média, pois, desde o século XIII, ela se destacava como<br />

eficaz porque era o momento em que “o Cristo ora, e o seu sangue são as esmolas.” 15<br />

12 Veja-se ARAÚJO, Maria Marta Lobo de – Rezar e cantar pelos mortos e pelos vivos: as confrarias das Almas <strong>do</strong> Pico<br />

de Regala<strong>do</strong>s. Boletim Cultural de Vila Verde. Nº 1 (2005). 234.<br />

13 Desde a Idade Média as irmandades assistiam aos seus membros faleci<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com RODRIGUES, Ana Maria<br />

S. A. – A morte e a comemoração <strong>do</strong>s defuntos na Sé de Braga nos finais da idade média. Cadernos <strong>do</strong> Noroeste.<br />

Homenagem a Maria Manuela Campos Milheiro Fernandes. Nº 20 (2003). 195.<br />

14 AOTB, Livro 1º de Termos da Veneravel Ordem 3ª, fl. 3.<br />

15 LE GOFF, Jacques - O nascimento <strong>do</strong> purgatório. Lisboa: Estampa, 1993. p. 362.<br />

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