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Untitled - Universidade do Minho

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Essas inovações no mo<strong>do</strong> de vivenciar a religiosidade espelhavam também as mudanças<br />

pelas quais atravessava a Europa no perío<strong>do</strong>, pois “esta nova forma de vida religiosa –<br />

mendicante –, mais flexível e adapatada para acompanhar o aumento da mobilidade na<br />

sociedade medieval, pelo recrudescimento <strong>do</strong> comércio, quebra o imobilismo e a estabilidade <strong>do</strong><br />

monaquismo tradicional”. 4<br />

Porém, os quadros iniciais da instituição – marca<strong>do</strong>s pela espontaniedade <strong>do</strong><br />

recrutamento, delinea<strong>do</strong> pela multiplicidade sócio-profissional – de adeptos a Francisco,<br />

acabaram por se alterar. Nas primeiras décadas <strong>do</strong> século XIII afirmou-se a tendência de<br />

clericalização da Ordem franciscana, ten<strong>do</strong> entre os universitários muitos segui<strong>do</strong>res. Um caso<br />

exemplar para esse perío<strong>do</strong> consiste na canonização, em 1232, de Santo António, frei<br />

português. 5<br />

Outra ruptura em relação às Ordens monásticas constituía-se no trabalho missionário<br />

juntamente às populações. As casas e os conventos franciscanos inseriam-se nos núcleos<br />

urbanos. Fator de inovação em relação as outras ordens <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, como a de São Bento, por<br />

exemplo. Em menos de um século após o nascimento de São Francisco, as grandes cidades<br />

européias possuíam conventos mendicantes. Em 1294, por exemplo, Paris contava com sete<br />

estabelecimentos mendicantes, entre franciscanos e <strong>do</strong>minicanos. 6<br />

O movimento crescente da Ordem franciscana acabou por desenvolver no seu seio<br />

divergências entre seus membros. Desde o início da fraternidade, conventuais e espirituais<br />

buscavam, por meio de diferentes vivências, adequar-se ao mo<strong>do</strong> de vida sugeri<strong>do</strong> pelo<br />

funda<strong>do</strong>r. Os primeiros viviam em conventos e congregavam muitos clérigos. Os segun<strong>do</strong>s,<br />

espirituais, pautavam-se nos textos deixa<strong>do</strong>s por São Francisco, buscan<strong>do</strong> uma vida de<br />

mendicância, extrema pobreza e não aceitavam as alterações pontifícias aos ditos escritos. 7<br />

Todavia, essas diferentes concepções não deflagraram inicialmente na divisão da Ordem<br />

franciscana.<br />

4 FRANCO, José Eduar<strong>do</strong> – Congregações religiosas masculinas. In AZEVEDO, Carlos Moreira (Dir.) – Dicionário de<br />

História Religiosa de Portugal. vol. 1. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000. p. 484.<br />

5 De acor<strong>do</strong> com MERLO, Gra<strong>do</strong> Giovanni – Em nome de São Francisco. História <strong>do</strong>s frades menores e <strong>do</strong><br />

franciscanismo até inícios <strong>do</strong> século XVI…, p. 50.<br />

6 LE GOFF, Jacques – As ordens mendicantes. In BERLIOZ, Jacques (Org.) – Monges e religiosos na Idade Média..., p.<br />

230.<br />

7 Segun<strong>do</strong> GAMELLI, Agostinho – O franciscanismo. Petrópolis: Vozes, 1944. p. 72.<br />

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