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Untitled - Universidade do Minho

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Primeiramente, obrigava-se que to<strong>do</strong>s os irmãos possuíssem o hábito da Ordem, o qual<br />

seria usa<strong>do</strong> em todas as celebrações públicas da instituição. 1433 Porém, a utilização dessa<br />

vestimenta não se restringia aos momentos festivos. No hora da morte, os irmãos deveriam usar<br />

como mortalha o hábito demonstran<strong>do</strong> sua adesão a religiosidade franciscana. Ao mesmo<br />

tempo, garantiam as vantagens espirituais proporcionadas aos seculares inuma<strong>do</strong>s com o<br />

hábito.<br />

No perío<strong>do</strong>, as vestes fúnebres compunham-se por uma grande diversidade. Distintos<br />

santos poderiam ser referencia<strong>do</strong>s no momento da morte através <strong>do</strong> vestuário <strong>do</strong> defunto. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, os hábitos de Nossa Senhora <strong>do</strong> Carmo, de Nossa Senhora da Conceição, de São<br />

Francisco, entre outros poderiam figurar entre as vestimentas fúnebres. A disponibilidade de<br />

variadas roupas para o momento da inumação não determinou a ausência de algumas<br />

predileções <strong>do</strong>s féis nos séculos XVII, XVIII e início <strong>do</strong> XIX. Entre as mortalhas mais utilizadas, na<br />

cidade de São Paulo, no início <strong>do</strong> século XIX, destacavam-se: os hábitos de São Francisco e o de<br />

Nossa Senhora <strong>do</strong> Carmo. A veste <strong>do</strong> santo de Assis envolvia pelo menos 40% <strong>do</strong>s enterra<strong>do</strong>s<br />

em São Paulo. 1434 Não era somente nesta localidade que os inuma<strong>do</strong>s preferiam a mortalha<br />

franciscana. Também, na Bahia, no século XIX, por exemplo, destacava-se, entre as mortalhas<br />

mais utilizadas, a de São Francisco. A preferência da mortalha franciscana é similar em outras<br />

localidades tanto da América quanto de Portugal. 1435<br />

A vestimenta indicava, portanto, as devoções e filiações <strong>do</strong> faleci<strong>do</strong> em vida. O depósito<br />

de confiança nos intercessores celestes animava as escolhas, revelan<strong>do</strong> a importância de São<br />

Francisco e <strong>do</strong> seu hábito no conjunto devocional da época.<br />

É importante salientar que irmandades e confrarias não determinavam as vestes<br />

fúnebres de seus associa<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> as Ordens Terceiras franciscanas a exceção neste quesito.<br />

1433 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 3v.<br />

1434 As mortalhas e outros aspectos relaciona<strong>do</strong>s ao bem morrer, na América portuguesa, são analisa<strong>do</strong>s no trabalho de<br />

REIS, João José - O cotidiano da morte no Brasil oitocentista. In ALENCASTRO, Luiz Felipe de (Org.) - História da vida<br />

privada. Império: a corte e a modernidade nacional. vol. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. pp. 97-141.<br />

1435 O uso da mortalha franciscana destacava-se em Sintra, Portugal, onde chegou a vestir 94% <strong>do</strong>s testa<strong>do</strong>res. A forte<br />

presença <strong>do</strong> hábito franciscano nos sepultamentos baianos foi analisada por REIS, João José – A morte é uma festa.<br />

Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil <strong>do</strong> século XIX..., pp. 125-126.<br />

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