13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A presença da milícia justificava-se, pois a indefinição das fronteiras ao Sul com os<br />

espanhóis estimulou a militarização da Capitania de São Paulo, principalmente a partir de 1765.<br />

Nesta data, o governa<strong>do</strong>r nomea<strong>do</strong>, Morga<strong>do</strong> de Mateus, tinha instruções para proceder ao<br />

alistamento de to<strong>do</strong>s os mora<strong>do</strong>res da região. O controle sobre a população visava conhecer os<br />

habitantes capazes de compor as Companhias de Ordenanças e insere-se numa tentativa de<br />

conhecer melhor o território e os seus habitantes. 1152<br />

Deste mo<strong>do</strong>, a capitania paulista, na segunda metade <strong>do</strong> século XVIII, abrigava um<br />

grande contingente de militares constantemente destaca<strong>do</strong>s para a proteção das fronteiras ao<br />

Sul (cf. Livro 3, Cap. 6). 1153<br />

Contu<strong>do</strong>, a formação das Companhias de Ordenanças, pautada no recrutamento<br />

generaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s homens, provocava descontentamentos entre a população. Muitos fugiam para<br />

o interior ou escondiam-se nos “matos” para evitar o alistamento 1154, situação deflagra<strong>do</strong>ra de<br />

punições efetuadas com prisões <strong>do</strong>s desertores.<br />

Outra dificuldade imposta aos participantes da milícia estava associada à disponibilidade<br />

de algum cabedal necessário para a participação nestes corpos militares. Os pertencentes às<br />

Companhias de Ordenanças deveriam possuir suas armas e se fossem da cavalaria, ainda<br />

deveriam utilizar seu cavalo e um escravo responsável pelo cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> animal. Este fato excluía<br />

os despossuí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s quadros mais eleva<strong>do</strong>s da milícia. Desta forma, “era a riqueza que dava<br />

acesso ao poder militar.” 1155<br />

Não somente a riqueza possibilitava a visibilidade destes oficiais em sua região, pois eles<br />

também tinham um papel fundamental na repressão da criminalidade local, chegan<strong>do</strong> em<br />

1152 Sobre o governo de Morga<strong>do</strong> de Mateus e a militarização da Capitania de São Paulo veja-se TAUNAY, Afonso de E. –<br />

História da cidade de São Paulo no século XVIII. vol. II. São Paulo: Divisão <strong>do</strong> Arquivo Histórico, 1951. pp. 5-10;<br />

BELLOTTO, Heloísa Liberalli – Autoridade e conflito no Brasil colonial: o governo <strong>do</strong> Morga<strong>do</strong> de Mateus em São Paulo<br />

(1765-1775). São Paulo: Alameda, 2007. pp. 43-44, 60-63.<br />

1153 Em 1773, por exemplo, as forças militares de São Paulo uniram-se com as da Bahia e as <strong>do</strong> Rio de Janeiro para<br />

enfrentar os espanhóis em Laguna. MAGALHÃES, Joaquim Romero – As novas fronteiras <strong>do</strong> Brasil. In BETHENCOURT,<br />

Francisco; CHAUDHURI, Kirti (Dirs.) – História da Expansão portuguesa. vol. 3. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998. p.<br />

33.<br />

1154 MARCÍLIO, Maria Luiza – A cidade de São Paulo: povoamento e população (1750-1850)..., p. 78.<br />

1155 NAZZARI, Muriel - O desaparecimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>te: mulheres, famílias e mudança social em São Paulo, Brasil, 1600-<br />

1900. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 95.<br />

411

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!