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Untitled - Universidade do Minho

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diretamente <strong>do</strong> cenário institucional circundante, sen<strong>do</strong> a Ordem Terceira um espaço utiliza<strong>do</strong>,<br />

na maioria das vezes, por grupos emergentes ou relega<strong>do</strong>s pelas instituições controladas<br />

exclusivamente pelas elites locais. Logo, o desenvolvimento das Ordens Terceiras pautou-se,<br />

sobretu<strong>do</strong>, na sua capacidade em agregar um número expressivo de pessoas pertecentes a<br />

grupos sócio-econômicos medianos, independente da sua localização.<br />

Os diálogos com outras associações de leigos, com a ordem mendicante e com a<br />

hierarquia eclesiástica decorreram tanto em Braga quanto em São Paulo. Imersas em núcleos<br />

urbanos complexos, as Ordens Terceiras franciscanas conviviam numa imbricada teia de<br />

poderes, a qual envolvia internamente a Ordem Primeira e exteriormente o restante das<br />

instituições de caráter leigo e religioso. A convivência com a ordem mendicante e seus membros<br />

decorreu, de mo<strong>do</strong> geral, calmamente nas duas agremiações. Contu<strong>do</strong>, esta convivência<br />

harmoniosa, abalava-se quan<strong>do</strong> os seculares franciscanos desejavam obter maior independência<br />

em relação aos religiosos. A elaboração de estatutos ou a construção de templo próprio eram<br />

alguns momentos sensíveis para as agremiações terciárias, pois além da importância que<br />

adquiriam essas alterações para a instituição, geralmente os frades franciscanos voltavam-se<br />

contra os irmãos terceiros. As tentativas de minimizar os intentos <strong>do</strong>s seculares demonstrava a<br />

necessidade de manter o controle sobre o conjunto de leigos filia<strong>do</strong>s a Ordem Terceira.<br />

Igualmente, revelam como os mendicantes tornavam-se ciosos de suas prerogativas frente aos<br />

fiéis congrega<strong>do</strong>s nas associações seculares. Estas situações provocavam a reação <strong>do</strong>s<br />

terceiros, os quais não exitavam em buscar auxílio para atingir seus objetivos. Entre os<br />

media<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s conflitos entre seculares e frades franciscanos destacavam-se os bispos, como<br />

se revelou em São Paulo.<br />

Portanto, no seu cotidiano, as Ordens seculares dialogavam com outras instituições,<br />

sen<strong>do</strong> as Santas Casas da Misericórdia e outras irmandades de destaque local as suas principais<br />

rivais no campo religioso. Embora, sejam conheci<strong>do</strong>s os atritos entre as agremiações terciárias e<br />

as Santas Casas, detentora de privilégios sobre os sepultamentos, tanto em Braga quanto em<br />

São Paulo as duas associações conviveram sem sobressaltos. Os seculares nestas duas cidades<br />

enterravam seus membros em esquifes próprios, sem a interferência da Misercórdia. Porém, em<br />

Braga, outras irmandades e principalmente o sacer<strong>do</strong>te da paróquia de implantação da Ordem<br />

Terceira tornaram-se os principais rivais da instituição. Os conflitos gera<strong>do</strong>s pela precedência nas<br />

procissões, bastante comuns no reino e na América portuguesa, perturbaram os irmãos terceiros<br />

bracarenses. Entretanto, foi no pároco da freguesia de São João <strong>do</strong> Souto que a Ordem secular<br />

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