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Untitled - Universidade do Minho

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ecebia acompanhamento e sepultura “por esmola”. Isso ocorreu quatro vezes durante o século<br />

XVIII. Três homens professos na Ordem Terceira de Santos, entre 1748 e 1777, e uma irmã de<br />

Itu, em 1768, que faleceram em São Paulo foram enterra<strong>do</strong>s nas campas da igreja <strong>do</strong>s terceiros<br />

paulistanos. 1480<br />

A garantia de sepultamento, em qualquer parte onde houvesse uma agremiação secular<br />

franciscana, mostrava-se uma mais valia tanto para os emigra<strong>do</strong>s portugueses quanto para<br />

aqueles que sobreviviam de atividades que exigiam grande mobilidade, como os caixeiros, por<br />

exemplo. Em Portugal, também as Ordens Terceiras acompanhavam e inumavam membros de<br />

instituições seculares de outras localidades. Em Braga, por exemplo, a Ordem secular realizou o<br />

mesmo procedimento, sepultan<strong>do</strong> irmãos terceiros distintas origens (cf. Livro 2, Cap. 8).<br />

Desta forma, filiar-se a uma agremiação terciária assegurava aos indivíduos um<br />

sepultamento dentro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>gmas difundi<strong>do</strong>s pela Igreja para se obter uma boa morte.<br />

Assim, garantir a sepultura dentro de uma igreja mostrava-se crucial para os fiéis no<br />

Perío<strong>do</strong> Moderno. Porém, esta necessidade de inumação em solo sagra<strong>do</strong>, no interior <strong>do</strong>s<br />

templos, implicava num constante abrir e fechar das sepulturas. A movimentação era facilitada<br />

pela ausência de bancos ou cadeiras no interior das igrejas. Os corpos poderiam ser cobertos<br />

com cal para apressar a decomposição e havia algum cuida<strong>do</strong> com a utilização das campas,<br />

numeran<strong>do</strong>-as, para evitar abrir aquelas recentemente usadas. 1481<br />

Também na Ordem Terceira de São Paulo havia alguma preocupação na disposição e<br />

movimentação das sepulturas. Contu<strong>do</strong>, mesmo possuin<strong>do</strong> numeração e registros próprios para<br />

cada campa, por vezes, poderia ocorrer a abertura de sepultura recentemente utilizada. Esta<br />

situação provocava a exposição de corpos defuntos ainda inteiros, os quais poderiam receber<br />

outro cadáver acima. Em 1747, registraram os seculares que “se achou hum corpo enterra<strong>do</strong> o<br />

qual se tornou a sepultar na dita por sima <strong>do</strong> dito irmao Joao Correa para se fazer emxame no<br />

dito corpo quan<strong>do</strong> for tempo cujo corpo mostrou ser homem e ser o nosso irmao Domingos”. 1482<br />

1480 AOTSP, Livro de Óbitos 1760-1790, fls. 63, 67, 82 e 83.<br />

1481 A questão das sepulturas no interior das igrejas foi analisada por REIS, João José – A morte é uma festa. Ritos<br />

fúnebres e revolta popular no Brasil <strong>do</strong> século XIX..., pp. 174-175.<br />

1482 AOTSP, Livro de Óbitos 1760-1790, fl. 45v.<br />

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