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Untitled - Universidade do Minho

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As Ordens Terceiras franciscanas buscavam ajudar seus associa<strong>do</strong>s em suas mazelas<br />

espirituais e materiais. A indissociação entre essas duas esferas refletia-se, durante o Perío<strong>do</strong><br />

Moderno, na preocupação em atender tanto o físico quanto o espiritual nos hospitais ou outras<br />

instituições que praticavam a assistência. 1429 Nesse senti<strong>do</strong>, também a associação secular<br />

paulistana provia seus irmãos nos momentos de dificuldades tanto <strong>do</strong> corpo quanto da alma.<br />

Em 1753, numa visita à Ordem Terceira de São Francisco paulistana, frei Manuel <strong>do</strong><br />

Livramento Freitas destacou a necessidade de socorrer as almas daqueles que falecem, pois<br />

elas são “que no porgatorio padessem, as mais mezaraveis e nessissitadas.” .<br />

A frase de frei Manuel <strong>do</strong> Livramento Freitas reflete a mentalidade da época, bem como<br />

o mo<strong>do</strong> de conceber o além-mun<strong>do</strong> entre os católicos. Após a morte, os católicos contavam com<br />

a perpetuação da existência da alma no plano celeste, o qual dividia-se em três espaços<br />

bastante distintos: inferno, purgatório e paraíso. Essa concepção <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong> foi difundida,<br />

com eficácia, pela Igreja desde finais da Idade Média.<br />

Nos séculos XVI, XVII e XVIII, esta concepção relacionada ao destino da alma, após o<br />

trepasse, provocava nas populações fiéis o temor diante da incerteza da morte e <strong>do</strong> seu destino<br />

no além-mun<strong>do</strong>. O me<strong>do</strong> transparecia nos testamentos elabora<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong>, os quais<br />

descreviam as últimas vontades e desejos <strong>do</strong>s seus redatores, evidencian<strong>do</strong> a falta de<br />

tranquilidade daqueles que imaginavam estar próxima a cessação de sua existência terrena. 1430<br />

1429 A questão da importância <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> a alma durante a Idade Moderna nos hospitais foi analisada por SÁ, Isabel<br />

<strong>do</strong>s Guimarães – Estatuto social e descriminação: formas de seleção de agentes e receptores de caridade nas<br />

misericórdias portuguesas ao longo <strong>do</strong> Antigo Regime. In LEANDRO, Maria Engrácia; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de;<br />

COSTA, Manuel da Silva (Orgs.) – Saúde: as teais da discriminação social. ACTAS DO COLOQUIO INTERNACIONAL<br />

SAÚDE E DISCRIMINAÇÃO SOCIAL. Braga: ICS <strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> <strong>Minho</strong>, 2002. p. 304.<br />

1430 Os testamentos demonstram a aceitação pelos fiéis das disposições de além-mun<strong>do</strong> difundidas pela Igreja no<br />

Perío<strong>do</strong> Moderno. A respeito da importância <strong>do</strong>s testamentos como fontes privilegiadas para se estudar os temores e<br />

desejos relativos ao momento da morte na América portuguesa ler RODRIGUES, Claudia – Nas fronteiras <strong>do</strong> Além. A<br />

secularização da morte no Rio de Janeiro séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. pp. 93-140; REIS,<br />

João José – A morte é uma festa. Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil <strong>do</strong> século XIX. São Paulo: Companhia das<br />

Letras, 1991. pp. 92-97; PAGOTO, Amanda Aparecida – Do âmbito sagra<strong>do</strong> da igreja ao cemitério público.<br />

Transformações fúnebres em São Paulo (1850-1860). São Paulo: Imprensa Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, 2004. pp.<br />

31-36; MACHADO, Alcântara – Vida e morte <strong>do</strong> bandeirante. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1980. pp. 30-34.<br />

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