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Untitled - Universidade do Minho

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Outras agremiações de leigos, incluin<strong>do</strong> as Santas Casas da Misericórdia, selecionavam<br />

seus membros num processo semelhante, embora estas instituições possuíssem numerus<br />

clausus, condição inexistente nas Ordens Terceiras. 5<br />

Deste mo<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> solicitavam a entrada na Ordem secular, os pretendentes tinham<br />

sua vida devassada pelos defini<strong>do</strong>res, corren<strong>do</strong> o risco de serem indeferi<strong>do</strong>s. Tal como ocorreu,<br />

em 1727, com Domingos de Araújo e sua esposa – Jerônima de Souza – os quais praticavam o<br />

ofício de comediantes.<br />

Outro candidato rejeita<strong>do</strong> pelos irmãos terceiros, em 1727, foi o “mulato” Bento da<br />

Rocha. Afama<strong>do</strong> alcoviteiro, mesmo exercen<strong>do</strong> o ofício de alfaiate, não foi aceito para praticar os<br />

exercícios espirituais entre os seculares franciscanos. 6 Também, a Ordem Terceira de São Paulo<br />

afastava os candidatos mulatos ou, ainda, aqueles que casassem com pessoas consideradas<br />

não brancas. Essa exclusão de pessoas de cor <strong>do</strong> quadro humano da associação ocorria,<br />

portanto, em diferentes localidades, tanto no reino quanto na América portuguesa (cf. Livro 3,<br />

Cap. 3).<br />

Tanto a prática de atividades públicas consideradas de pouco recato, quanto a mulatice<br />

causavam a repulsa da agremiação terciária. Mais importante <strong>do</strong> que as posses materiais, a<br />

conduta e a moral <strong>do</strong>s futuros membros deveriam ser imaculadas e inspirar confiança.<br />

Não somente estes candidatos foram rejeita<strong>do</strong>s pela Mesa da Ordem. No Livro <strong>do</strong><br />

segre<strong>do</strong> constam os excluí<strong>do</strong>s da instituição. Esses registros, efetua<strong>do</strong>s num livro “secreto”,<br />

deveriam conter a causa da recusa <strong>do</strong> pretendente (cf. Livro 1, Cap. 2).<br />

Os registros conti<strong>do</strong>s no Livro <strong>do</strong> segre<strong>do</strong> da agremiação bracarense, listaram 12<br />

indivíduos, oito homens e quatro mulheres. As descrições, lacônicas, explicitam somente a razão<br />

da repulsa de um indivíduo. Em 1753, Jacinto António de Souza, da rua <strong>do</strong>s Pelames, ficou<br />

impossibilita<strong>do</strong> de entrar na Ordem Terceira devi<strong>do</strong> seus “antepassa<strong>do</strong>s terem si<strong>do</strong> comediantes<br />

5 A respeito da seleção <strong>do</strong>s confrades nas Santas Casas da Misericórdia veja-se PEREIRA, Maria das Dores de Sousa –<br />

Entre ricos e pobres: a actuação da Santa Casa da Misericórdia de Ponte da Barca (1630-1800). Braga: Santa Casa da<br />

Misericórdia de Ponte da Barca, 2008. pp. 32-33; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de – Dar aos pobres e emprestar a Deus:<br />

as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI-XVIII). Barcelos: Santa Casa da Misericórdia de Vila<br />

Viçosa; Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, 2000. pp. 81-83; SÁ, Isabel <strong>do</strong>s Guimarães – Quan<strong>do</strong> o rico se<br />

faz pobre: Misericórdias, caridade e poder no império português (1500-1800). Lisboa: Comissão Nacional para as<br />

Comemorações <strong>do</strong>s Descobrimentos Portugueses, 1997. pp. 94-98.<br />

6 AOTB, Livro 2º de Termos da Veneravel Ordem 3ª, fl. 142.<br />

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