13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

desentendimentos – Tribunal da Relação de Braga e a Cúria Romana – e a vitória nas causas<br />

relacionadas com as missas cantadas.<br />

A intromissão <strong>do</strong> responsável pela paróquia na qual estava a igreja da Ordem secular<br />

não decorria somente na cidade de Braga. Nas localidades onde os institutos terciários<br />

franciscanos estavam afasta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s conventos da Ordem Primeira era comum os<br />

desentendimentos com o prela<strong>do</strong> local. Em Espanha, também as Ordens Terceiras que<br />

possuíam igreja própria sofriam a interferência <strong>do</strong>s párocos nas suas cerimônias, pois “el temor<br />

a una intromisión en los derechos parroquiales convertía al cura en un enemigo declara<strong>do</strong> de la<br />

V.O.T.” 19 Perpectiva que corrobora o acrescentamento da importância das igrejas das Ordens<br />

seculares em distintos locais, principalmente durante o século XVIII.<br />

Apesar <strong>do</strong>s terceiros bracarenses conseguirem defender a sua liberdade para celebrar<br />

missas cantadas na sua igreja, sem interferência alguma, a questão <strong>do</strong>s sepultamentos<br />

perdurou. Em 1748, os membros da Mesa afirmaram persistir os litígios a respeito <strong>do</strong>s<br />

sepultamentos e <strong>do</strong> acompanhamento <strong>do</strong>s seus irmãos. A presença <strong>do</strong> pároco ofendia os<br />

privilégios da Ordem Terceira, pois a participação <strong>do</strong> sacer<strong>do</strong>te configurava-se “em irreparavel<br />

prejuízo e passaria a Venravel Ordem Terceira da dita cidade de Braga com similhante<br />

introdução a ser hua leyga confradia.” 20<br />

O acompanhamento nos enterros, o uso <strong>do</strong> esquife e os sepultamentos eram momentos<br />

de conflitos entre as irmandades e Ordens Terceiras em distintas localidades.<br />

Em Vila Viçosa, os confrades da Santa Casa da Misericórdia, durante os séculos XVII e<br />

XVIII, se debateram com outras associações – irmandade <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento e confraria<br />

de Nossa Senhora da Graça – devi<strong>do</strong> ao uso da tumba e <strong>do</strong> acompanhamento aos defuntos.<br />

Nessa localidade, após 1750, a Ordem Terceira franciscana usurpou o monopólio da Santa Casa<br />

nos enterros, construin<strong>do</strong> esquife próprio para inumar seus irmãos. 21<br />

O cuida<strong>do</strong> com os ofícios fúnebres de seus membros tornava as associações leigas e<br />

religiosas ciosas neste quesito. Acompanhar seus defuntos, sepultá-los e realizar as celebrações<br />

19 MARTÍN GARCÍA, Alfre<strong>do</strong> – Religión y sociedad en Ferrolterra durante el Antiguo Régimen. La V.O.T. seglar<br />

franciscana. Salamanca: Imprenta Kadmos, 2005. p. 34.<br />

20 AOTB, Livro 4º de Termos da Veneravel Ordem 3ª, fl. 78.<br />

21 Os conflitos da Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa foram analisa<strong>do</strong>s por ARAÚJO, Maria Marta Lobo de – Dar<br />

aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI-XVIII)..., pp. 305-310.<br />

148

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!