13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1135 Deste mo<strong>do</strong>, revela-se claramente o conhecimento <strong>do</strong>s irmãos terceiros da situação de<br />

Francisco Rodrigues Souto com a alforriada e a sua desaprovação. Porém, Francisco Rodrigues<br />

não foi penaliza<strong>do</strong> pela instituição, pois não se encontram registros relaciona<strong>do</strong>s a repreensões<br />

ou a sua expulsão. Contrariamente, as fontes revelam a sua participação ativa no órgão gestor,<br />

sen<strong>do</strong> eleito defini<strong>do</strong>r em 1733, 1737 e 1740. 1136 Também, ocupou o cargo de ministro, em<br />

1745, e vice-ministro, em 1742. 1137 O perío<strong>do</strong> em que esteve nos principais postos na Mesa<br />

foram anteriores ao processo no juízo eclesiástico, embora, em 1752, novamente tenha si<strong>do</strong><br />

eleito defini<strong>do</strong>r. 1138 A sua trajetória revela a maleabilidade na aplicação <strong>do</strong>s critérios de controle<br />

sobre os irmãos, ou seja, alguns conseguiam evitar a repulsa <strong>do</strong> sodalício mesmo manten<strong>do</strong><br />

relações com pessoas de cor. O peso social, ou seja, o prestígio bem como as redes de<br />

cumplicidades de cada um acabavam por ser determinantes na relação que a Ordem estabelecia<br />

com os seus membros.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a Ordem Terceira paulistana mostrava-se mais maleável na aceitação <strong>do</strong>s<br />

irmãos quan<strong>do</strong> se tratava de relações conjugais, consensuais ou não, de seus membros. A carta<br />

destinada a José Antônio da Silva, casa<strong>do</strong> com uma mulata e a permanência de Francisco<br />

Rodrigues <strong>do</strong> Souto no órgão gestor, mesmo após seu processo no juiz eclesiástico por viver<br />

amanceba<strong>do</strong> com uma mulher de cor, contrastam com a reação de outras Ordens seculares da<br />

América portuguesa em situações semelhantes.<br />

Em Salva<strong>do</strong>r, Bahia, os pretendentes a irmãos casa<strong>do</strong>s com mulheres alforriadas ou<br />

mulatas eram afasta<strong>do</strong>s das Ordens Terceiras, tanto carmelita quanto franciscana,<br />

demonstran<strong>do</strong> o rigor utiliza<strong>do</strong> na seleção de seus membros. 1139<br />

Porém, apesar da flexibilidade na aplicação <strong>do</strong>s critérios de seleção e permanência no<br />

sodalício paulistano, faz-se importante sublinhar que a preocupação <strong>do</strong>s seculares franciscanos<br />

com a seleção de seus futuros associa<strong>do</strong>s e o afastamento de pessoas de cor evidencia o desejo<br />

1135 BORREGO, Maria Aparecida de Menezes – A teia mercantil: negócios e poderes em São Paulo colonial (1711-<br />

1765)…, pp. 243-244.<br />

1136 AOTSP, Livro das eleições (1714-1799), fls. 29, 35v., 41.<br />

1137 AOTSP, Livro das eleições (1714-1799), fls. 45v., 50v.<br />

1138 AOTSP, Livro das eleições (1714-1799), fl. 64v.<br />

1139 Sobre os critérios de entrada utiliza<strong>do</strong>s pelos irmãos terceiros em Salva<strong>do</strong>r consultar RUSSELL-WOOD, A. J. R. –<br />

Prestige, power, and piety in Colonial Brazil: The Third Orders of Salva<strong>do</strong>r…, 69-70.<br />

403

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!