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Untitled - Universidade do Minho

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uso <strong>do</strong> hábito para mendigar e arrecadar esmolas em benefício próprio destoava das pretensões<br />

<strong>do</strong>s membros da fraternidade.<br />

Além das questões financeiras, os irmãos terceiros paulistanos recordavam nas suas<br />

determinações, em 1775, a importância de avaliar a “pureza ou a impureza de sangue” 52 <strong>do</strong><br />

pretendente. A lembrança deste aspecto, no <strong>do</strong>cumento, contrasta com as imposições<br />

pombalinas que determinaram, desde 1773, a abolição das diferenças entre cristãos-velhos e<br />

cristãos-novos. A retirada da exigência da “pureza de sangue” da <strong>do</strong>cumentação produzida no<br />

perío<strong>do</strong> e a inserção de cristãos-novos efetivou-se em distintas instituições no reino. 53 Porém,<br />

algumas entidades persistiram utilizan<strong>do</strong> essas distinções em seus critérios de recrutamento. Os<br />

fundamentos para essa insistência, entre os paulistanos, em verificar a “limpeza de sangue” <strong>do</strong>s<br />

pretensos irmãos terceiros não foram esclareci<strong>do</strong>s. Tanto o desconhecimento das novas<br />

determinações da Coroa quanto um proposital esquecimento justificariam essa informação nos<br />

livros da Ordem Terceira. Consequentemente, pode-se deduzir o empenho <strong>do</strong>s terceiros<br />

franciscanos, em São Paulo, por conservar seus padrões de acesso inaltera<strong>do</strong>s, reafirman<strong>do</strong> a<br />

posição social privilegiada <strong>do</strong>s seus membros no seio da comunidade.<br />

O mesmo decorreu na congênere carioca. Os estatutos elabora<strong>do</strong>s, em 1801, pelos<br />

irmãos terceiros franciscanos <strong>do</strong> Rio de Janeiro, salientavam a exclusão de cristãos-novos <strong>do</strong>s<br />

seus quadros. 54 Assim, o recrutamento nas Ordens Terceiras na América persistiu com a repulsa<br />

de pretendentes com características consideradas “infames” durante o início <strong>do</strong> século XIX.<br />

Após especificarem as disposições sobre a gestão <strong>do</strong> sodalício, enumeram as obras a<br />

serem realizadas na capela da Ordem, entre as quais a construção de portas de madeira entre<br />

os espaços de oração que ficavam contíguos ao convento <strong>do</strong>s frades mendicantes,<br />

compartilhan<strong>do</strong> os franciscanos e os terceiros a posse das chaves. 55<br />

52 AOTSP, Livro II de termos, fl. 57v.<br />

53 Sobre as disposições pombalinas a respeito da “pureza de sangue” consultar BOXER, Charles R. – O império colonial<br />

português (1415-1825)..., pp. 261-262.<br />

54 MARTINS, William de Souza – Membros <strong>do</strong> corpo místico: Ordens Terceiras no Rio de Janeiro (1700-1822) .., p. 114.<br />

55 AOTSP, Livro II de termos, fls. 58-58v.<br />

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