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Untitled - Universidade do Minho

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“[...] por evitarmos algumas discordias que entre os irmaos havia que se enterrassem suas<br />

mulheres que nao eram terceiras nesta nossa capela em virtude e preeminencia <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s<br />

terceiros: e como achamos que em capela nenhuma se enterre pessoa que nao seja terceiro, ou<br />

terceira, e como queremos que va este nosso exercicio em aumento e melhor perfeicao de nossa<br />

regra hemos por bem e damos inteiro consentimento a que se nao enterre nesta nossa capela<br />

pessoa algua que nao seja terceira.” 949<br />

Deste mo<strong>do</strong>, os sepultamentos na capela decorriam desde a sua edificação, embora o<br />

estabelecimento de disposições sobre a organização daquele espaço elaborada, em 1688,<br />

circunscreveu a possibilidade de inumação somente aos membros <strong>do</strong> sodalício.<br />

A necessidade de sepultura em solo sagra<strong>do</strong>, de preferência dentro das igrejas,<br />

obcecava os fiéis <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> à importância destinada ao local de enterro para o auxílio da<br />

salvação da alma (cf. Livro 3, Cap. 7).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, as igrejas mostravam-se espaços fundamentais para as populações de<br />

antanho, tanto em vida para participação nas celebrações litúrgica quanto na morte, para as<br />

inumações. Esta valorização <strong>do</strong> espaço sagra<strong>do</strong>, expressa-se nas preocupações <strong>do</strong>s irmãos<br />

terceiros de São Paulo e se enquadra, portanto, num contexto mais amplo de crenças<br />

relacionadas aos ritos fúnebres e com a salvação eterna.<br />

Além da valorização dispensada aos ritos fúnebres, as igrejas com suas irmandades<br />

constituíam-se em importantes espaços de sociabilidades e de desempenho <strong>do</strong> poder. Até a<br />

primeira metade <strong>do</strong> século XVII, a vila São Paulo e o seu entorno possuíam alguns templos,<br />

destacan<strong>do</strong>-se a igreja de Nossa Senhora da Luz, a de Nossa Senhora <strong>do</strong> Monte Serrat<br />

(beneditina), a de Nossa Senhora <strong>do</strong> Carmo, a de São João Batista, a de Nossa Senhora <strong>do</strong> Ó, a<br />

da Santa Casa da Misericórdia, a de São Francisco e a matriz de São Paulo. 950<br />

949 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 192v.<br />

950 Para conhecer as mencionadas igrejas paulistanas consultar ARROYO, Leonar<strong>do</strong> – Igrejas de São Paulo. São Paulo:<br />

Companhia Editora Nacional, 1966. pp. 3-145; MESGRAVIS, Laima – A Santa Casa da Misericórdia de São Paulo<br />

(1599?-1884). São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1976. p. 38; FILHO, F. Nardy – As antigas igrejas de São<br />

Paulo. In Obra comemorativa. São Paulo em quatro séculos. vol. 1. São Paulo: Instituto Histórico e Geográfico de São<br />

Paulo, 1954. pp. 97-116.<br />

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