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Untitled - Universidade do Minho

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encontrou seu maior inimigo, pois o sacer<strong>do</strong>te esforçou-se por minimizar as festividades e<br />

impedir os sepultamentos no interior da igreja <strong>do</strong>s terceiros. As tentativas <strong>do</strong> padre, todavia, se<br />

revelaram infrutíferas, conseguin<strong>do</strong> os seculares salvaguardar seus direitos.<br />

Os conflitos também poderiam decorrer internamente, envolven<strong>do</strong> o conjunto de irmãos<br />

terceiros. A necessidade de controlar os irmãos em seu cotidiano para evitar comportamentos<br />

desviantes, asseguran<strong>do</strong> a imagem da instituição na comunidade, provocava a sua fiscalização<br />

mútua. Esse controle entre os seculares se manifestou de forma mais intensa entre os<br />

bracarenses, pois não há registros entre os paulistanos da realização de devassas internas.<br />

Estas diferenças sugerem que dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> contexto, as Ordens Terceiras poderiam ampliar<br />

suas tentativas de controle sobre os irmãos. A grandiosidade e a complexidade <strong>do</strong> aparelho<br />

religioso em Braga, muito provavelmente, demandaram <strong>do</strong>s membros da Ordem secular maior<br />

atenção com sua imagem naquele cenário. Demonstrar coesão, retidão nos costumes e uma<br />

vivência religiosa profunda preocupou mais os irmãos terceiros em Braga. A diversidade<br />

referente ao controle exerci<strong>do</strong> sobre os irmãos indica que as associações seculares possuíam<br />

maleabilidade na aplicação de seus mecanismos de controle, os quais eram diretamente<br />

influencia<strong>do</strong>s pelo campo religioso onde se encontravam.<br />

Enquanto o controle exerci<strong>do</strong> pelas instituições terciárias poderia sofrer alterações de<br />

acor<strong>do</strong> o contexto, a centralidade <strong>do</strong> investimento em cerimônias dedicadas a salvação das<br />

almas constituía-se numa característica comum. A aplicação intensa de recursos em cerimônias<br />

religiosas despertava, muito provavelmente, nos fiéis a confiança necessária para que<br />

privilegiassem as Ordens Terceiras franciscanas nos seus testamentos em detrimento de outras<br />

associações ao longo de setecentos, fato que confirma o estabelecimento efetivo das<br />

agremiações seculares no campo religioso, tanto no reino quanto na América portuguesa. Os<br />

lega<strong>do</strong>s foram fundamentais para o crescimento das Ordens, situação expressa, por exemplo, na<br />

instituição bracarense. Todavia, no caso da agremiação paulistana, o seu desenvolvimento<br />

pautou-se em bases diferentes de suas congêneres <strong>do</strong> universo português. A sua sobrevivência<br />

acentava, sobretu<strong>do</strong>, nas taxas pagas pelos seus administra<strong>do</strong>res. Essa especificidade da Ordem<br />

Terceira de São Paulo evidencia a ocorrência de exceções, demonstran<strong>do</strong> que não somente a<br />

captação de lega<strong>do</strong>s pios determinava o crescimento das associações de leigos. O número de<br />

irmãos, ou seja a capacidade de recrutamento, alia<strong>do</strong> aos avulta<strong>do</strong>s valores cobra<strong>do</strong>s nos<br />

momentos de entrada e para a ocupação de seus cargos dirigentes proporcionaram a<br />

estabilidade econômica e o desenvolvimento da instituição paulistana.<br />

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