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Untitled - Universidade do Minho

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Para as “absolvições gerais” havia uma disposição específica para a sua celebração. O<br />

vigário <strong>do</strong> culto divino deveria instruir os irmãos, durante a missa, a que no momento da<br />

comunhão, se organizassem em duas fileiras. O ministro e a ministra ficavam responsáveis por<br />

oferecer a comunhão aos seculares nesta cerimônia. 25<br />

As disposições estabelecidas para as “absolvições gerais” revelam a necessidade de<br />

controlar os irmãos nos momentos festivos, demonstran<strong>do</strong> à comunidade de fiéis uma imagem<br />

de coesão e retidão nas celebrações litúrgicas, mas também a capacidade organizativa <strong>do</strong><br />

sodalício. As instituições cuidavam de apresentar cerimônias dignas, onde demonstrassem poder<br />

e prestígio. O papel reserva<strong>do</strong> à irmã ministra, administran<strong>do</strong> a comunhão as mulheres, indica a<br />

importância dedicada às senhoras nas cerimônias realizadas no interior <strong>do</strong> templo. Ao mesmo<br />

tempo, contrasta com as atividades realizadas pelas mulheres em outras associações terciárias,<br />

pois não há relatos de situações similares em suas congêneres.<br />

A participação contínua <strong>do</strong>s irmãos terceiros nessas cerimônias, salientada pelo frade<br />

mendicante, em 1768, mostrava-se crucial, pois essa assiduidade deveria “dar hú testemunho<br />

publico da Sua christandade pratican<strong>do</strong> virtudes, e frequentan<strong>do</strong> os Sacramentos” 26. Portanto,<br />

expiar os peca<strong>do</strong>s, conforman<strong>do</strong>-se às penitências requeridas para a absolvição, implicava numa<br />

ação pública e social. Neste senti<strong>do</strong>, a redenção completa <strong>do</strong> fiel requeria a demonstração visível<br />

da sua condição de peca<strong>do</strong>r e de desejo de expiar suas faltas, tal como a paixão de Cristo. 27<br />

Para ampliar as hipóteses de salvação e dedicar-se com maior perfeição à expiação <strong>do</strong>s<br />

peca<strong>do</strong>s, os irmãos terceiros deveriam também em todas as sextas-feiras, após as Ave-Marias,<br />

se reunirem na igreja para a oração mental e a “disciplina”. 28 Nesta cerimônia participava<br />

obrigatoriamente to<strong>do</strong> o conjunto masculino da associação, incluin<strong>do</strong>, principalmente, os<br />

membros da Mesa administrativa para dar um “bom exemplo” 29 aos restantes.<br />

Fundamental para to<strong>do</strong> o devoto disposto a viver com perfeição sua fé, a prática da<br />

oração tornava-se num <strong>do</strong>s aspectos centrais para cuidar <strong>do</strong> “negocio mayor, a que viemos ao<br />

25 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 88.<br />

26 AOTSP, Livro II de termos, fl. 62.<br />

27 Sobre o caráter público <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> e da sua expiação ler BOSSY, John – A cristandade no Ocidente 1400-1700.<br />

Lisboa: Edições 70, 1990. pp. 62-63.<br />

28 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 88.<br />

29 AOTSP, Livro de termos e estatuto, fl. 88v.<br />

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