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Untitled - Universidade do Minho

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Juntamente à redução com os gastos nas cerimônias, os gestores tentaram escapar da<br />

inadimplência <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s. Para isso estipularam também que durante a investigação<br />

realizada pelos membros da Mesa para a entrada de um novo irmão, inquirissem a respeito das<br />

condições financeiras <strong>do</strong> solicitante. Esta disposição incidia principalmente sobre os<br />

pretendentes que morassem “fora da cidade, porque sen<strong>do</strong> pobres não so não poderao<br />

contribuir com a remissao <strong>do</strong>s annuaes, e por isso andarao muitos annos no novicia<strong>do</strong>.” 49 Essa<br />

avaliação das possibilidades econômicas <strong>do</strong>s candidatos a irmãos terceiros a<strong>do</strong>tada entre os<br />

seculares paulistanos decorria igualmente em outras congêneres situadas nas duas margens <strong>do</strong><br />

Atlântico. Tanto os cadidatos a irmãos terceiros na cidade <strong>do</strong> Porto e Braga quanto em Ouro<br />

Preto ou Mariana (Brasil) deveriam atestar cabedais suficientes para o seu sustento. 50<br />

Diversos motivos incentivavam a seleção de membros financeiramente capazes.<br />

Primeiramente, as instituições terciárias esforçavam-se para assegurar a introdução de membros<br />

capazes de arcar com as despesas impostas pela agremiação e, ao mesmo tempo, tentavam<br />

evitar futuras despesas com esmolas e sufrágios a irmãos pobres. Outra razão para inquirir<br />

sobre as condições financeiras <strong>do</strong>s pretendentes consistia na preservação da imagem <strong>do</strong><br />

sodalício diante <strong>do</strong>s fiéis. Como salientou frei Arbiol, não se deveria conceder o hábito a quem<br />

não pudesse sustentar-se “para que no sea ocasion de murmurar en los pueblos, que pieden el<br />

Habito de esta Orden para mendigar, y ser gravosos à los demàs”. 51 Por fim, e como se verifica,<br />

não era prestigiante para a instituição introduzir no seu seio pessoas que pudessem minimizar<br />

seu prestígio social.<br />

A opinião da generalidade <strong>do</strong>s fiéis sobre a Ordem Terceira determinava o seu status no<br />

“campo religioso” <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Como associações de origens medievais, mas difundidas com<br />

intensidade a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XVII, as agremiações terciárias deveriam assegurar-se da<br />

boa conduta de seus membros, os quais deveriam seguir em perfeição a vida cristã. Portanto, o<br />

49 AOTSP, Livro II de termos, fl. 57v.<br />

50 A respeito da Ordem Terceira de Ouro Preto ver SOUSA, Cristiano Oliveira de – Os membros da Ordem Terceira de<br />

São Francisco de Assis de Vila Rica: prestígio e poder nas Minas (século XVIII). Juiz de Fora: <strong>Universidade</strong> Federal <strong>do</strong><br />

Juiz de Fora, 2008. Dissertação de Mestra<strong>do</strong>. Policopiada. pp. 54, 55, 163; Estatutos e Regra da Ordem Terceira de<br />

São Francisco da cidade <strong>do</strong> Porto..., p. 3; BOSCHI, Caio César – Os leigos e o poder. São Paulo: Ática, 1986. p. 159.<br />

51 ARBIOL, Antonio – Los terceros hijos de el humano serafin. La Venerable y Esclarecida Orden Tercera de Nuestro<br />

Serafico Patriarca San Francisco..., p. 10.<br />

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