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Untitled - Universidade do Minho

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inevitável ou encenada. Os falsos pobres representa<strong>do</strong>s por pessoas ociosas, considera<strong>do</strong>s<br />

vadias, desmereciam a assistência das agremiações. 135<br />

Para merecer o auxílio proporciona<strong>do</strong> pelas instituições deveria-se preencher alguns<br />

critérios, sen<strong>do</strong> estes bastante varia<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com os serviços ofereci<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, muito<br />

comum era a ajuda dispensada aqueles que decaíam de estatuto social. A descida <strong>do</strong> lugar<br />

ocupa<strong>do</strong> socialmente merecia cuida<strong>do</strong>s, portanto, digna de receber esmolas. Os denomina<strong>do</strong>s<br />

“pobres envergonha<strong>do</strong>s” 136 enquadravam-se nessa perspectiva.<br />

Enquanto, os trabalha<strong>do</strong>res com poucos rendimentos deveriam conformar-se com a sua<br />

condição, evitan<strong>do</strong> a soberba ou o orgulho. 137<br />

A pretensa “imutabilidade social” pregada prioritariamente por religiosos, os quais<br />

observavam a ascensão social como pecaminosa, desmerecia os remedia<strong>do</strong>s e favorecia<br />

aqueles que, no decorrer de sua vivência, resvalavam em dificuldades financeiras. 138<br />

Esta perspectiva revela-se na forma de assistência praticada pelas Ordens Terceiras.<br />

Como instituições religiosas, intimamente ligadas às ordens regulares, os terceiros franciscanos<br />

preocupavam-se sobremaneira com a salvação da alma de seus membros e, também, em<br />

promover a difusão <strong>do</strong>s valores católicos na época (cf. Livro 3, Cap. 6). Porém, os irmãos que<br />

caíssem em pobreza mereciam o auxílio da instituição, a qual avaliava a veracidade das<br />

informações disponibilizadas pelos pedintes. 139<br />

Para empreender essa atividade, os terceiros bracarenses incentivavam seus membros a<br />

oferecerem esmolas em prol <strong>do</strong>s necessita<strong>do</strong>s. Na capela-mor e no corpo da igreja da Ordem,<br />

durante o século XVIII, estavam duas caixas de esmolas, com o seguinte letreiro: “Esmolas para<br />

135 ARAÚJO, Maria Marta Lobo de – Rituais de caridade na Misericórdia de Ponte de Lima (Séculos XVII-XIX)..., pp. 19-<br />

20; WOOLF, Stuart – Los pobres en la Europa. Barcelona: Editora Cútica, 1989. p. 35.<br />

136 Na <strong>do</strong>cumentação relativa as Ordens Terceiras franciscanas de Braga e São Paulo não encontramos essa expressão:<br />

“pobres envergonha<strong>do</strong>s”. Contu<strong>do</strong>, ajudar os membros caí<strong>do</strong>s na pobreza claramente refletem essa perspectiva de<br />

auxílio dispensa<strong>do</strong> aqueles que alteraram, decresceram, sua condição social.<br />

137 A perspectiva da Igreja face à pobreza foi analisada por LOPES, Maria Antónia – Pobreza, assistência e controlo<br />

social. Coimbra (1750-1850). vol. 1. Viseu: Palimage Editores, 2000. pp. 38-42.<br />

138 Essa análise foi realizada por LOPES, Maria Antónia – Pobreza, assistência e controlo social. Coimbra (1750-<br />

1850)..., p. 41.<br />

139 Infelizmente, não há atualmente registros dessas solicitações no Arquivo da Ordem Terceira de São Francisco de<br />

Braga.<br />

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