13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

impactos entre colonos e indígenas. As alianças estabelecidas com grupos indígenas foram<br />

fundamentais para o desenvolvimento desse sistema de captura de escravos nativos. A inicial<br />

inexperiência <strong>do</strong>s europeus determinou a utilização de intermediários indígenas, principalmente<br />

quan<strong>do</strong> se distanciavam da vila paulista. 934<br />

As relações entre o colonos e nativos, tanto nas expedições ao interior quanto nas<br />

propriedades rurais, mol<strong>do</strong>u não somente as atividades econômicas, mas também denotou<br />

especificidades aos paulistas. O uso da “língua geral”, o tupi, por exemplo, fazia parte <strong>do</strong><br />

cotidiano <strong>do</strong>s habitantes de São Paulo e em setecentos mostrava-se incorporada em alguns<br />

sobrenomes paulistanos. 935<br />

Contu<strong>do</strong>, como anteriormente menciona<strong>do</strong>, longe de uma convivência harmoniosa, a<br />

escravidão <strong>do</strong>s grupos indígenas, marcada pela violência, implicou no extermínio de milhares de<br />

nativos.<br />

A utilização maciça de cativos indígenas fazia parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong>s maiores<br />

proprietários <strong>do</strong> planalto paulista, tal como Antônio Pedroso de Barros que possuía 500 índios,<br />

em 1655, ou Manuel Preto que, em 1630, contava com quase mil nativos. Apesar dessa<br />

representatividade numérica da força de trabalho cativa, os indígenas e também as terras<br />

possuídas não figuravam nos inventários <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Portanto, as riquezas inventariadas<br />

mostravam-se bastante modestas, embora a elite paulista controlasse fartos recursos. 936<br />

Esta elite, formada por proprietários de terras e de extenso número de cativos, era<br />

detentora de bens móveis diversos e controlava grande parte <strong>do</strong>s recursos da região. Mais da<br />

metade <strong>do</strong>s indígenas captura<strong>do</strong>s pertenciam a 20% da população, enquanto outras posses –<br />

como ga<strong>do</strong>, roças, ferramentas e roupas luxuosas – concentravam-se em 12% <strong>do</strong>s proprietários.<br />

934 MONTEIRO, John Manuel – Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo..., pp. 62-63.<br />

935 Sobre a presença e importância <strong>do</strong>s indígenas nas bandeiras realizadas pelos paulistas ler HOLANDA, Sérgio<br />

Buarque – Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. pp. 21-25. A propósito <strong>do</strong> uso da “língua<br />

geral” entre os paulistas consulte-se VILLALTA, Luiz Carlos – O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura. In<br />

NOVAIS, Fernan<strong>do</strong> A. (Dir.) – História da vida privada no Brasil. vol. 1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. pp.<br />

339-340. A respeito da manutenção <strong>do</strong> uso da “língua geral” entre os paulistas, até o século XIX, veja-se SOUZA, Laura<br />

de Mello e - O Sol e a Sombra: política e administração na América portuguesa <strong>do</strong> século XVIII. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2006. p. 139.<br />

936 Os inventários paulistanos da época foram analisa<strong>do</strong>s por NAZZARI, Muriel - O desaparecimento <strong>do</strong> <strong>do</strong>te: mulheres,<br />

famílias e mudança social em São Paulo, Brasil, 1600-1900. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. pp. 39-43.<br />

337

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!