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Untitled - Universidade do Minho

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organização da Mesa, a qual contava somente com um ministro e um secretário, sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

outros gestores denomina<strong>do</strong>s defini<strong>do</strong>res. Estes últimos receberam algumas obrigações<br />

específicas, em 1674, no intuito de melhorar a organização administrativa <strong>do</strong> sodalício.<br />

Desde finais <strong>do</strong> século XVII e início <strong>do</strong> século XVIII, são parcas as informações a respeito<br />

<strong>do</strong> auxílio aos pobres, sen<strong>do</strong> apontadas somente situações de perdão pela falta <strong>do</strong> pagamento<br />

das taxas anuais. Os irmãos estan<strong>do</strong> em reconheci<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de pobreza poderiam libertar-se da<br />

cobrança anual, tal como Amaro Veloso. Este, em 1736, recebeu o aval positivo da Mesa, depois<br />

de realizada uma votação, sen<strong>do</strong> per<strong>do</strong>a<strong>do</strong> pela sua inadimplência. 131<br />

A possibilidade de ser liberto das taxas anuais possibilitava aos irmãos freqüentar as<br />

cerimônias e, ao mesmo tempo, garantir todas as benesses espirituais sem despender<br />

quaisquer valores. Para conseguir manter seus benefícios, isentan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> pagamento, os<br />

irmãos deveriam fazer requerimento à Mesa no qual expunham sua situação, evidencian<strong>do</strong> sua<br />

pobreza. A certeza das condições financeiras <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s mostrava-se fundamental para<br />

desobrigá-los de seus encargos. Desse mo<strong>do</strong>, aos requerimentos deferi<strong>do</strong>s, os defini<strong>do</strong>res,<br />

usualmente, acrescentavam que se per<strong>do</strong>ou devi<strong>do</strong> à “notoria pobreza em que se achão”. 132<br />

Este procedimento referente à escolha <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s fazia parte <strong>do</strong> cotidiano de<br />

outras instituições. A prática da assistência implicava numa avaliação <strong>do</strong>s solicitantes, sen<strong>do</strong> os<br />

critérios utiliza<strong>do</strong>s determina<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s distintos serviços presta<strong>do</strong>s pelas associações. 133<br />

A necessidade de selecionar os receptores da assistência decorria de diferentes razões.<br />

Primeiramente, o número eleva<strong>do</strong> de pobres e pedintes excedia a capacidade financeira das<br />

instituições. 134 Igualmente, a própria compreensão <strong>do</strong> fenômeno da pobreza a qual poderia ser<br />

131 AOTB, Livro 3º de Termos da Veneravel Ordem 3ª, fl. 20v.<br />

132 AOTB, Livro 3º de Termos da Veneravel Ordem 3ª, fl. 59.<br />

133 Sobre o caráter seletivo na prática assistencial no Perío<strong>do</strong> Moderno ler SÁ, Isabel <strong>do</strong>s Guimarães – Assistência. In<br />

AZEVEDO, Carlos Moreira (Dir.) – Dicionário de História Religiosa de Portugal. vol. 1..., p. 140.<br />

134 A respeito <strong>do</strong> crescimento da pobreza, no Perío<strong>do</strong> Moderno, em Portugal consultar ARAÚJO, Maria Marta Lobo de –<br />

Rituais de caridade na Misericórdia de Ponte de Lima (Séculos XVII-XIX). Ponte de Lima: Santa Casa da Misericórdia de<br />

Ponte de Lima, 2003. pp. 13, 17, 19; SÁ, Isabel <strong>do</strong>s Guimarães – Estatuto social e discriminação: formas de seleção e<br />

de agentes e receptores de caridade nas Misericórdias portuguesas ao longo <strong>do</strong> Antigo Regime. In LEANDRO, Maria<br />

Engrácia; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de; COSTA, Manuel da Silva (Orgs.) – Saúde: as teais da discriminação social.<br />

Actas <strong>do</strong> colóquio internacional saúde e discriminação social. Braga: ICS Uminho, 2002. p. 315.<br />

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