13.04.2013 Views

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

Untitled - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Portanto, observa-se a existência de problemas relaciona<strong>do</strong>s ao culto divino e a vivência religiosa<br />

na diocese de Braga naquele perío<strong>do</strong>.<br />

Além da impressão das constituições, outras ações visavam adequar tanto clero quanto<br />

fiéis as disposições de Trento, sen<strong>do</strong> as visitas pastorais incentivadas a partir <strong>do</strong> século XVI.<br />

Estes esforços pretendiam construir uma “comunidade santa e beata, receptiva e respeita<strong>do</strong>ra<br />

mas extremamente dócil e acrítica no tocante aos leigos”. 38<br />

Entretanto, as ações empreendidas pelos prela<strong>do</strong>s diocesanos, durante a Reforma,<br />

decorriam paralelamente às ações praticadas pela hierarquia regular e outras instituições<br />

religiosas, como a inquisição. Os mendicantes participaram ativamente desse movimento<br />

renova<strong>do</strong>r promoven<strong>do</strong> a formação de Ordens seculares, em distintos locais (cf. Livro 1, Cap. 2).<br />

As Ordens Terceiras ao impor aos seus membros uma vivência religiosa rigorista, afinada a<br />

espiritualidade franciscana, também colaboravam diretamente para a difusão das determinações<br />

emanadas pelo concílio tridentino.<br />

Assim, os diferentes <strong>do</strong>cumentos normativos a Ordem Terceira de Braga e suas<br />

congêneres ressaltavam a necessidade <strong>do</strong> bom viver cristão, determinan<strong>do</strong> diversas obrigações<br />

religiosas aos seus membros. Esse conjunto de ações, todas destinadas a colaborar para a<br />

salvação das almas, implicava num ajuste das vontades e desejos <strong>do</strong>s seus participantes. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, a Ordem Terceira franciscana impunha aos seus associa<strong>do</strong>s um habitus religioso.<br />

O aceite dessa forma de viver, dentro <strong>do</strong>s parâmetros estabeleci<strong>do</strong>s pela instituição,<br />

iniciava com o novicia<strong>do</strong>. Nesse perío<strong>do</strong>, os novos membros deveriam mostrar adequação às<br />

disposições <strong>do</strong> sodalício evidencian<strong>do</strong> sua vontade de se tornar terceiro franciscano. Observa<strong>do</strong>s<br />

pelo mestre de noviços e pelos outros irmãos, os noviços deveriam participar <strong>do</strong>s exercícios<br />

religiosos e ter uma boa conduta em seu cotidiano (cf. Livro 2, Cap. 2).<br />

Além <strong>do</strong>s noviços, também os irmãos terceiros eram observa<strong>do</strong>s por seus pares. Atentar<br />

para as atividades realizadas pelos outros membros da Ordem e para sua conduta moral fazia<br />

parte <strong>do</strong> cotidiano <strong>do</strong>s irmãos terceiros. Incentivada pela associação e pelo padre comissário, os<br />

irmãos fiscalizavam-se mutuamente procuran<strong>do</strong> delatar faltas e possíveis abusos cometi<strong>do</strong>s.<br />

Arcebispo, & Senhor de Braga, Primaz das Espanhas, <strong>do</strong> Conselho de Sua Magesta<strong>do</strong>, & seu Sumilher da Cortina.<br />

Lisboa: Oficina de Miguel Deslandes, 1697. Prólogo.<br />

38 SOARES, Franquelim Neiva – A arquidiocese de Braga no século XVII. Sociedade e mentalidades pelas visitações<br />

pastorais (1550-1700)..., 43.<br />

155

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!