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Untitled - Universidade do Minho

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A figura da morte durante o século XVIII deveria lembrar aos especta<strong>do</strong>res a fugacidade<br />

da vida e, no cortejo feito no Recife, carregava uma matraca e uma ampulheta, chaman<strong>do</strong> a<br />

atenção <strong>do</strong>s participantes na festividade. 97<br />

Em São Paulo, a morte era simulada por um negro, o qual recebia 320 réis pela sua<br />

participação. 98 A lembrança da morte para o fiel deveria inspirar-lhe arrependimento pelas suas<br />

faltas e a necessidade da penitência para a sua salvação.<br />

Além da figura da morte, acompanhavam a procissão os “anjos”. Crianças vestidas com<br />

túnicas seguiam entre os an<strong>do</strong>res representan<strong>do</strong> anjinhos, enfeitan<strong>do</strong> o cortejo com sua<br />

movimentação. Anualmente, <strong>do</strong>ces eram entregues às crianças, como recompensa, pela sua<br />

participação na procissão. A despesa com estes alimentos recaía, desde 1760, sobre as noviças,<br />

sen<strong>do</strong> oito mil réis o valor total desta despesa 99<br />

Junto aos an<strong>do</strong>res, figuras e anjos, em São Paulo, há referências à “cruz <strong>do</strong> senhor” 100.<br />

Carregada durante a procissão, a cruz reforçava a lembrança <strong>do</strong> sofrimento de Cristo e a<br />

necessidade de expiação <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s durante a Quaresma.<br />

Outra componente fundamental, durante as procissões, era a música. Os irmãos<br />

seculares de São Paulo despendiam avultadas somas com músicos para a procissão. Entre<br />

1758 e 1765, foram pagos para o acompanhamento musical 16 mil réis. 101<br />

Esta composição, unin<strong>do</strong> diversifica<strong>do</strong>s componentes (música, figuras, an<strong>do</strong>res, imagens<br />

e anjos), demonstrava a complexidade das festas realizadas também na América portuguesa. A<br />

diversificação e profusão de elementos marcavam os eventos religiosos e profanos, evitan<strong>do</strong>-se a<br />

monotonia e a saturação <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s na celebração. 102<br />

97 PIO, Fernan<strong>do</strong> – A Ordem Terceira de São Francisco <strong>do</strong> Recife e suas igrejas..., p. 64. Também entre os terceiros<br />

franciscanos <strong>do</strong> Porto, em 1750, seguia na procissão de Cinzas a figura da morte. A propósito leia-se EIRAS, José<br />

Anibal Guimarães da Costa – Os terceiros franciscanos da cidade <strong>do</strong> Porto (elementos para o seu estu<strong>do</strong>). Porto:<br />

<strong>Universidade</strong> <strong>do</strong> Porto, 1972. Tese de Licenciatura. Policopiada. p. 123.<br />

98 AOTSP, Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fl. 4.<br />

99 AOTSP, Livro II de Termos, fl. 39; Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fl. 12v.<br />

100 AOTSP, Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fl. 18.<br />

101 AOTSP, Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fls. 12-29.<br />

102 Sobre a multiplicação de elementos e a complexidade na composição das festas em Braga durante o século XVIII<br />

consultar MILHEIRO, Maria Manuela de Campos – Braga. A cidade e a festa no século XVIII. Viseu: NEPS, 2003. p. 69.<br />

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