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Untitled - Universidade do Minho

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As Ordens Terceiras franciscanas, de diferentes localidades, conviviam com outras<br />

instituições tanto religiosas quanto leigas. A sua difusão e crescimento nas mais variadas partes<br />

<strong>do</strong> império português demonstrava a aceitação e a<strong>do</strong>ção das Ordens Terceiras pelas<br />

comunidades no Perío<strong>do</strong> Moderno (Livro 1, Cap. 2).<br />

Todavia, a ereção das associações de irmãos terceiros nem sempre decorria sem<br />

discórdias e conflitos com instituições já estabelecidas naquelas localidades. O intento de<br />

monopolizar os “bens de salvação” tanto por parte <strong>do</strong> clero secular quanto por outras<br />

associações (por exemplo, irmandades e outras Ordens Terceiras) desencadeava atritos entre as<br />

instituições.<br />

O desenvolvimento <strong>do</strong> capital religioso 1 , por parte da Ordem Terceira de Braga, gerou<br />

conflitos com outras associações pela disputa na conquista de diferentes grupos sociais da<br />

cidade. O ampliamento da visibilidade, o status social e o prestígio das agremiações de leigos<br />

influenciava diretamente o seu poder de atração sobre a população local. Também, em São<br />

Paulo, a Ordem secular debateu-se com outras instituições, destacan<strong>do</strong>-se a Ordem Terceira<br />

carmelita (cf. Livro 3, Cap. 4).<br />

Ampliar o recrutamento, atrain<strong>do</strong> fiéis, auxiliava também o crescimento econômico e<br />

social. Aumentar o número de associa<strong>do</strong>s fazia parte da trajetória das distintas instituições<br />

congrega<strong>do</strong>ras de leigos, fato que propiciava conflitos e discórdias, principalmente, nos<br />

momentos de exibição pública. As procissões e outros eventos públicos permitiam às instituições<br />

demonstrar à comunidade a sua importância no quadro religioso da época. 2<br />

Portanto, o valor atribuí<strong>do</strong> aos locais ocupa<strong>do</strong>s nos diversos eventos da época –<br />

procissões, acompanhamentos fúnebres, entre outros – preocupava sobremaneira os dirigentes<br />

das instituições. As disputas evidenciavam, consequentemente, o desejo das irmandades e<br />

Ordens Terceira de ampliar a visibilidade entre as populações.<br />

Contu<strong>do</strong>, não somente as procedências, mas também os símbolos, materializa<strong>do</strong>s nos<br />

paramentos de cada associação, poderiam tornar-se motivo de discórdia. O uso da bandeira e da<br />

campainha nos cortejos fúnebres pela confraria de Jesus, em Viana da Foz <strong>do</strong> Lima, ultrajou os<br />

1 Para compreender os conceitos de bens de salvação e capital religioso pertencentes ao campo religioso e sua<br />

dinâmica ler BOURDIEU, Pierre – A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2005. pp. 45-69.<br />

2 MONTEIRO, Nuno Gonçalo – A sociedade local e os seus protagonistas. In OLIVEIRA, César (Dir.) – História <strong>do</strong>s<br />

municípios e <strong>do</strong> poder local [<strong>do</strong>s finais da Idade Média a União Européia]. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996. p. 29.<br />

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