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Untitled - Universidade do Minho

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hábitos no momento da morte. Portanto, os mora<strong>do</strong>res de São Paulo possuíam atitudes diante<br />

da morte bastante parecidas com os habitantes <strong>do</strong> reino, para a mesma época.<br />

Enquanto os militares conseguiram a liberdade para utilizar suas fardas em eventos<br />

públicos (acompanhamento fúnebres e procissões) realiza<strong>do</strong>s pela Ordem Terceira, outros<br />

irmãos não possuíam condições financeiras para obter o hábito franciscano ou a mortalha<br />

necessária para os seus sepultamentos.<br />

Para os seus membros desprovi<strong>do</strong>s de recursos financeiros, a Ordem Terceira<br />

paulistana fornecia o hábito. Foi o caso de José de Campos Leal, em 1780, que foi<br />

“amortalha<strong>do</strong> no hábito por esmola”. 1442<br />

O preço <strong>do</strong> hábito variou entre 2$000 e 4$000 réis, sen<strong>do</strong> o último valor o mais<br />

recorrente. Entre 1754 e 1780, a Ordem Terceira ofereceu 19 hábitos para vestir irmãos pobres<br />

na sua inumação. 1443<br />

Estas vestimentas eram confeccionadas no convento de São Francisco, contíguo à<br />

Ordem Terceira, sen<strong>do</strong> os pagamentos destina<strong>do</strong>s “ao irmao sindico <strong>do</strong>s religiozos”. 1444 Assim,<br />

apesar <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> hábito fornecer benefícios espirituais, a sua utilização pelos irmãos terceiros<br />

contribuía também para dinamizar o setor financeiro <strong>do</strong> convento de São Francisco que os<br />

confeccionava. A manutenção deste comércio e o seu incentivo interessavam, por conseguinte,<br />

às casas conventuais franciscanas. Emblemático desta situação foram os atritos entre a Ordem<br />

Terceira <strong>do</strong> Rio de Janeiro e os frades <strong>do</strong> convento de Santo Antônio, os quais buscavam<br />

preservar o uso de mortalhas entre os irmãos terceiros, ainda no século XIX.<br />

O feitio da mortalha franciscana destinada aos fiéis fazia parte das atividades de diversos<br />

conventos tanto na Península Ibérica como na América. 1445<br />

A assistência dedicada aos membros pobres, no momento da morte, ocorria igualmente<br />

em outras Ordens Terceiras, como em Braga, as quais também forneciam a mortalha<br />

gratuitamente aos terceiros carencia<strong>do</strong>s (cf. Livro 2, Cap. 8).<br />

1442 AOTSP, Livro de Óbitos 1760-1790, fl. 47.<br />

1443 AOTSP, Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fls. 3, 4, 7v., 9, 14, 26v., 28v., 30v., 36v., 44, 46, 46v., 53,<br />

58v., 63.<br />

1444 AOTSP, Livro da formação <strong>do</strong> patrimonio da capela, fl. 46.<br />

1445 Sobre a confecção de mortalhas nos conventos franciscanos na América portuguesa ler REIS, João José – A morte é<br />

uma festa. Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil <strong>do</strong> século XIX..., pp. 232-233.<br />

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