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Proposta Curricular do Ensino Médio

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4.5.2. Eixos Estruturantes das Atividades de Língua Portuguesa<br />

Eixo I. Leitura e Interlocução<br />

De acor<strong>do</strong> com o Dicionário Aurélio, a palavra leitura (<strong>do</strong> latim medievo lectura)<br />

significa não só o ato de ler, mas também a arte de decifrar um texto segun<strong>do</strong> um<br />

critério. Para a Enciclopédia Einaudi o termo não remete a um conceito e sim a um<br />

conjunto de práticas que reagem às formas de utilização que a sociedade,<br />

particularmente através da instituição escolar, faz dela. Compagnon (2001) acentua que<br />

leitura é uma palavra de significa<strong>do</strong> vago, deslizante, que é preciso ocupar “por meio de<br />

umas sondagens sucessivas e diversas”, segun<strong>do</strong> os muitos fios que tecem sua trama.<br />

Apesar <strong>do</strong> questionamento ao conceito fecha<strong>do</strong> de leitura, vale refletir um pouco<br />

sobre a etimologia da palavra ler, <strong>do</strong> latim legere, que pode ajudar a compreender essa<br />

prática. Numa primeira instância, ler significa contar, enumerar letras; numa segunda,<br />

significa colher, e por último, roubar. Observe­se que em sua raiz, a palavra já traduz<br />

pelo menos três maneiras, não­excludentes, de se fazer leitura. Na primeira,<br />

soletramos, repetimos fonemas, agrupan<strong>do</strong>­os em sílabas, palavras e frases. É o<br />

primeiro ato da leitura, correspondente à alfabetização. Já no segun<strong>do</strong> momento, o<br />

verbo colher implica a idéia de algo pronto, corresponden<strong>do</strong> a uma tradicional<br />

interpretação de texto, em que se busca um senti<strong>do</strong> predetermina<strong>do</strong>. Ao leitor caberia<br />

apenas descobrir que senti<strong>do</strong>, como se colhe uma laranja no pé. Nesse tipo de leitura é<br />

que se busca, sobretu<strong>do</strong> a mensagem <strong>do</strong> texto, seu tema. Aparentemente, o leitor não<br />

teria poder algum, a não ser o de traduzir o senti<strong>do</strong> que estaria pronto no texto.<br />

Entretanto, o texto não se apresenta ao leitor senão como uma proposta de produção<br />

de senti<strong>do</strong>, que pode ou não ser aceita. Trata­se de um pacto de leitura que constitui o<br />

que se denomina interação leitor/texto.<br />

Há ainda uma terceira instância, correspondente ao verbo roubar, que traz uma<br />

idéia de subversão, de clandestinidade. Não se rouba algo com conhecimento e<br />

autorização <strong>do</strong> proprietário, logo, essa leitura <strong>do</strong> texto vai se construir à revelia <strong>do</strong> autor,<br />

ou melhor, vai acrescentar ao texto outros senti<strong>do</strong>s, a partir de sinais que nele estão<br />

presentes, mesmo que o autor não tivesse consciência disso. Nesse tipo de leitura, o<br />

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