27.04.2013 Views

REVISTA 33 - Jurisprudência - TRF

REVISTA 33 - Jurisprudência - TRF

REVISTA 33 - Jurisprudência - TRF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

JURISPRUDÊNCIA<br />

que “não se pode admitir seja tal crime de mera conduta, pois a Constituição veda a<br />

prisão civil por dívida”.<br />

A conclusão a que se chega é que, sem a identificação dos empregados<br />

lesados, e sem a observância desses parâmetros - que houve desconto sem ter havido<br />

recolhimento - estar-se-ia no campo da responsabilidade objetiva ou sem culpa, que,<br />

em sede penal, não encontra foro de constitucionalidade, embora possa pretender ter<br />

foro de legalidade.<br />

Tal circunstância não passou despercebida ao Egrégio Tribunal Regional<br />

Federal da 5ª Região, assentando esta Corte que:<br />

147<br />

“Interpretar a norma do art. 95, alíneas “d” e “e”, como<br />

tipificadora de crime de mera conduta, para cuja configuração o<br />

dolo específico é irrelevante, é admitir a prisão por dívida,<br />

expressamente vedada pela Constituição Federal.”<br />

(RCCR nº 84/CE, Rel. Juiz Hugo de Brito Machado, <strong>TRF</strong>/5ª Reg.,<br />

1ª T., un., DJ de 11/11/94, pág. 64.962).<br />

Orientação análoga, sobreveio do mesmo <strong>TRF</strong>/5ª Região, negando que a mera<br />

condição de presidente do Conselho de Administração da empresa pudesse caracterizar<br />

o crime previdenciário, o que importaria a “absurda aceitação do Princípio da<br />

Responsabilidade Penal Objetiva”. Neste mesmo julgamento, assentou essa Corte que:<br />

“O simples inadimplemento de obrigação previdenciária pela<br />

empresa não é suficiente para a caracterização do ilícito penal.”<br />

(HC nº 524/CE, Rel. Juiz Castro Meira, <strong>TRF</strong>/5ª Reg., 1ª T., un., DJ<br />

de 22/09/95, pág. 64.191).<br />

Também o Colendo Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência no<br />

sentido de que a sonegação fiscal não é infração formal, mas material (cf. RHC<br />

nº 5.912/PR, STJ, Rel. Ministro Flaquer Scartezzini, STJ, 5ª T., un., DJ de 03/02/97,<br />

pág. 746/747).<br />

Tendo a jurisprudência assentado que o “parcelamento das contribuições<br />

devidas” antes do oferecimento da denúncia importa a extinção da punibilidade<br />

(Inquérito nº 94.01.04582-8/PA, <strong>TRF</strong>/1ª Reg., Pleno, un., DJ de 25/04/94, pág. 17.738),<br />

vê-se que o preceito incriminador (art. 95, “d”, da Lei nº 8.212/91), além de configurar<br />

uma aberratio legis, põe à mostra a sua face antiética, incompatível com um comando<br />

penal, porque a dívida não é do administrador, mas da sociedade, supondo a lei que os<br />

interesses de ambos coincidam pela liquidação desse débito, quando isto não é verdade.<br />

Rev. jurisprud. Trib. Reg. Fed. 2. reg. v. 10, n. <strong>33</strong>, p. 1-<strong>33</strong>9, jan./mar. 2002

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!