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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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egime, como a Legião e a União Nacional, <strong>de</strong> libertação dos presos políticos, extinção<br />

do Tarrafal, abolição das instituições corporativas, sem esquecer o estabelecimento <strong>de</strong><br />

uma política <strong>de</strong> salários <strong>de</strong> acordo com o custo <strong>de</strong> vida ou uma Reforma Agrária<br />

Democrática, comprometendo-se com a convocação <strong>de</strong> eleições para uma Assembleia<br />

Constituinte.<br />

O objectivo <strong>de</strong>sta proposta era a construção <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong><br />

Nacional e a formação <strong>de</strong> um organismo dirigente <strong>de</strong>ssa frente nacional, <strong>de</strong><br />

base interpartidária, que propunha. O ano <strong>de</strong> 1943 revelar-se-ia <strong>de</strong>cisivo<br />

nesse sentido.<br />

Tornava-se, no entanto, ao <strong>PCP</strong> necessário tranquilizar, em nome da abrangência<br />

e do carácter nacional do movimento a criar, os sectores mais conservadores da<br />

oposição não comunista, mais renitentes à aliança que propunha. Não <strong>de</strong>ixa por isso <strong>de</strong><br />

ser interessante verificar como O Militante dá a sua primeira página à justificação da<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver “casos muito especiais em que po<strong>de</strong> ser constituido um Comité<br />

<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Nacional com a participação <strong>de</strong> operários e patrões (em geral pequenos<br />

industriais) que se opõem em conjunto à política do govêrno fascista e aos gran<strong>de</strong>s<br />

monopolistas” 273 .<br />

Assim, em Dezembro <strong>de</strong> 1943 seria formalmente constituído o Movimento <strong>de</strong><br />

Unida<strong>de</strong> Nacional Anti-Fascista (MUNAF), dotado <strong>de</strong> um Comité Nacional, cujos<br />

trabalhos preparatórios teriam estado a cargo <strong>de</strong> uma “comissão operacional”, composta<br />

por José Magalhães Godinho, do Núcleo <strong>de</strong> Acção e Doutrinação Socialista; pelo<br />

Comandante Moreira <strong>de</strong> Campos, do PRP e por Fernando Piteira Santos, do <strong>PCP</strong>.<br />

Se é verda<strong>de</strong> que toda esta acção do <strong>PCP</strong> se faz num quadro <strong>de</strong> relações cortadas<br />

com o movimento comunista internacional, isso não significa isolamento total nem<br />

conformismo por parte dos “reorganizadores” em relação a essa situação.<br />

A carta que em Julho <strong>de</strong> 1941 Júlio Fogaça tenta fazer chegar ao Komintern<br />

através <strong>de</strong> Rodrigues Miguéis e do PC Americano é disso exemplo:<br />

“Já pensásteis o que era a nossa situação no começo ? Quando eramos<br />

apenas uma dúzia <strong>de</strong> camaradas, na sua maior parte saídos da prisão, sem<br />

contacto directo com as massas, e que perante nós se encontrava a polícia<br />

fascista que nos libertou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longos anos <strong>de</strong> prisão e uma<br />

organização cheia <strong>de</strong> provocadores que se chamava ainda <strong>PCP</strong> ? E,<br />

273 A possível participação <strong>de</strong> operários e patrões num mesmo Comité <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> Nacional, in O Militante, III série, 21, Julho<br />

<strong>de</strong> 1943<br />

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