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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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É por tudo isto que o <strong>PCP</strong> não <strong>de</strong>sarma e prepara novas jornadas, agora para o<br />

28 <strong>de</strong> Maio e a pensar já no 10 <strong>de</strong> Junho, como aliás sectores populares, mesmo <strong>de</strong> fora<br />

do partido, sugeririam. Reclamam-se armas, maior disposição ofensiva nos confrontos<br />

com os contingentes da PSP.<br />

Começavam a aumentar os grupos que não estando directamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do<br />

partido, constituídos nalguns casos por ex-militantes, estabeleciam contactos para<br />

aquisição e armazenamento <strong>de</strong> armas, <strong>de</strong>senvolvendo ligações no espaço das Juntas <strong>de</strong><br />

Acção Patrióticas e com o que restava das re<strong>de</strong>s que haviam estado envolvidas quer no<br />

golpe da Sé quer no <strong>de</strong> Beja Era o caso <strong>de</strong> um grupo consi<strong>de</strong>ravelmente extenso que<br />

actuava na corda industrial Venda <strong>Nova</strong>-Amadora, composto fundamentalmente por<br />

operários das fábricas <strong>de</strong>ssa zona, que mantinha ligações às JAP e indirectamente ao<br />

partido e que preparava a intervenção nas manifestações para o dia 28 <strong>de</strong> Maio 1194 .<br />

José Magro e uma parte da direcção do movimento em <strong>Lisboa</strong> é presa nas<br />

vésperas da manifestação, referenciados por uma activida<strong>de</strong> muito intensa, com<br />

frequentes <strong>de</strong>slocações e participação em <strong>de</strong>masiadas reuniões, que um apertado<br />

aparelho <strong>de</strong> vigilância policial permitiu <strong>de</strong>tectar.<br />

Percebe-se um afã excessivo para um funcionário clan<strong>de</strong>stino, só explicado por<br />

um entusiasmo <strong>de</strong> quem vê com todo este processo o regime a abanar e a ameaçar cair.<br />

Numa das reuniões em que participa, a 10 <strong>de</strong> Maio, que o teor e o tom dos temas<br />

tratados permite pensar tratar-se <strong>de</strong> um reunião <strong>de</strong> direcção, provavelmente a Comissão<br />

Política do Comité Central, esse entusiasmo está bem patente.<br />

Magro acreditava que “haverá coisas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância em <strong>Lisboa</strong>” 1195 a<br />

28 <strong>de</strong> Maio, como previa que a brutalida<strong>de</strong> das forças repressivas seria maior, o que o<br />

levava a admitir uma maior radicalização da acção, virando autocarros para erguer<br />

barricadas que impeçam o avanço dos blindados policiais, por exemplo; organizando<br />

idas aos quartéis para fazer agitação entre os soldados, articulando com a luta estudantil,<br />

contabilizando os grupos <strong>de</strong> acção existentes, havendo sectores on<strong>de</strong> conta com vinte e<br />

quarenta brigadas e algumas <strong>de</strong>stas com muitas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> membros, entre militantes e<br />

simpatizantes do partido, principalmente.<br />

Decapitado o movimento, a organização do 28 <strong>de</strong> Maio estava no entanto em<br />

marcha e vai para a frente nalguns locais, <strong>de</strong>signadamente na margem sul, com<br />

manifestações e confrontos em Almada e Setúbal, prolongando-se pela noite fora, mas a<br />

1194 Cf. IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 360/GT, Cre<strong>de</strong>ncial vinda através do “Saúl”, s.d. dact., 2 pp, [37-38]<br />

1195 IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, PC 1067/62, W Pol. – Discussão, [31]<br />

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