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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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importava era um programa mínimo, um objectivo comum – “ a instauração em<br />

Portugal das liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mocráticas, a realização <strong>de</strong> eleições livres” 1230 ,<br />

i<strong>de</strong>ntificando-se com as conclusões <strong>de</strong> Roma expressamente citadas.<br />

Para o <strong>PCP</strong>, a principal conclusão <strong>de</strong> Roma residia na importância atribuída à<br />

organização e incremento da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> nacional <strong>de</strong> Juntas <strong>de</strong> Acção<br />

Patrióticas, dirigidas a partir do interior, como frisava, por uma Junta Central,<br />

competindo-lhes, a nível legal e ilegal, impulsionar as lutas económicas, sociais e<br />

políticas contra o regime.<br />

Porém, reconhecia que a unida<strong>de</strong> conseguida em Roma era ainda limitada, pelo<br />

que associava a esta tarefa o contacto e consulta aos restantes sectores oposicionistas,<br />

incluindo os que vinham <strong>de</strong>scolando da base <strong>de</strong> apoio do regime e queriam<br />

sinceramente passar para o campo <strong>de</strong> uma oposição activa.<br />

A questão do <strong>de</strong>rrube do regime e da via do levantamento nacional acabariam,<br />

neste enca<strong>de</strong>amento, por ocupar parte substancial do documento. Sem excluir a<br />

necessida<strong>de</strong> do emprego da violência, aspecto que era comum a todas as correntes<br />

opsicionistas, preocupava-se em suster pela crítica, os que à direita e à esquerda<br />

divergiam do <strong>PCP</strong>, fosse pela conspirata militar fosse por acções radicais.<br />

Se o levantamento nacional implicava gran<strong>de</strong>s movimentações sociais e políticas<br />

e a <strong>de</strong>sagregação dos aparelhos militares repressivos, suscitando a neutralização ou o<br />

apoio <strong>de</strong> sectores vastos, havia então que, por um lado, incentivar as lutas <strong>de</strong> massas e,<br />

por outro, criar uma gran<strong>de</strong> organização militar que pu<strong>de</strong>sse enquadrar essa<br />

<strong>de</strong>sagregação, o que era expresso <strong>de</strong> modo claro:<br />

“A tarefa que se coloca perante as forças <strong>de</strong>mocráticas não é a <strong>de</strong><br />

aliciamento <strong>de</strong> militares para a preparação dum golpe militar (com ou sem<br />

a participação <strong>de</strong> grupos civis armados), mas a da constituição <strong>de</strong> uma<br />

forte organização revolucionária nas forças armadas que possa intervir <strong>de</strong><br />

uma forma <strong>de</strong>cisiva numa situação <strong>de</strong> crise revolucionária” 1231<br />

Após as gran<strong>de</strong>s jornadas <strong>de</strong> 1962, esta acabava por ser a principal conclusão a<br />

retirar: apesar <strong>de</strong> se terem vivido momentos <strong>de</strong> crise única do regime e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

ímpeto popular, não era uma situação pré-insurrecccional, <strong>de</strong> crise revolucionária; não<br />

estavam maduras as condições para o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> acções especiais, violentas,<br />

1230 Comité Central do Partido Comunista Português, Perspectivas do <strong>de</strong>senvolvimento da luta nacional contra a ditadura<br />

fascista, Edições «Avante», Janeiro <strong>de</strong> 1963, p. 2<br />

1231 I<strong>de</strong>m, p. 6<br />

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