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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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A organização partidária em <strong>Lisboa</strong> era numerosa, mas tinha fortes <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s,<br />

que acabariam por inviabilizar completamente parte significativa das acções planeadas.<br />

A falta <strong>de</strong> conhecimentos, <strong>de</strong> experiência e, evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong> quadros para estas<br />

acções era enorme.<br />

As granadas não pu<strong>de</strong>ram ser utilizadas, porque não havia ninguém que as<br />

soubesse manipular, vindo a ser <strong>de</strong>volvidas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passarem por uma série <strong>de</strong> mãos.<br />

As acções com cocktails Molotov não se realizaram por falta <strong>de</strong> elementos que os<br />

soubessem ou estivessem dispostos a usar. O corte dos postes <strong>de</strong> alta tensão não se fez,<br />

embora houvesse militantes dispostos, porque não se conseguiu arranjar o explosivo<br />

necessário. Os comícios-relâmpago não se chegaram também a realizar. Do rapto do<br />

reitor <strong>de</strong>sistiriam rapidamente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o terem ainda seguido para estudar os seus<br />

movimentos, durante alguns dias.<br />

A manifestação em <strong>Lisboa</strong> realizou-se, com a participação <strong>de</strong> sete a onze mil<br />

pessoas, segundo Nuno Álvares Pereira 1274 , mas a <strong>de</strong>sorganização foi gran<strong>de</strong>. As<br />

notícias do Avante! 1275 referem o arranque do Largo do Rato <strong>de</strong> várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

estudantes, aos quais se junta um grupo <strong>de</strong> operários que mesmo vigiados pela polícia<br />

<strong>de</strong>scem pela Avenida da Liberda<strong>de</strong>, conseguindo já nos Restauradores agregar muitos<br />

populares presentes, apedrejando então o Palácio Foz on<strong>de</strong> estava instalado o SNI e<br />

enfrentando as forças repressivas.<br />

Teria sido nesse local que se registaram vários feridos e um morto, com a<br />

manifestação a reorganizar-se para subir <strong>de</strong> novo a Avenida da Liberda<strong>de</strong>, sendo<br />

interceptada e <strong>de</strong>sbaratada a meio com cargas da polícia <strong>de</strong> choque e com recurso ao<br />

carro <strong>de</strong> água.<br />

No Alentejo, os trabalhos <strong>de</strong> preparação foram <strong>de</strong>capitados com a prisão <strong>de</strong> toda<br />

a troika que dirigia a Organização Regional, praticamente nas vésperas do 1º <strong>de</strong> Maio.<br />

Apenas no Alentejo Litoral, a organização se mantivera, porque o controlo era exercido<br />

pelo membro da Direcção da Organização Regional do Sul encarregado do Algarve.<br />

José Inácio era o funcionário que controlava o Alentejo Litoral. Assalariado<br />

rural do Couço, com várias passagens pela prisão e que, intimado em finais <strong>de</strong> 1960<br />

pela GNR a comparecer no posto, fugiu da al<strong>de</strong>ia com receio <strong>de</strong> ser novamente preso.<br />

Deambulando pelo país, com ligações precárias ao partido acabaria por ser repescado<br />

1274 Cf. I<strong>de</strong>m, pp 2-3 [1106-1107]<br />

1275 Cf. Um 1º <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> Lutas e manifestações contra a ditadura fascista e A manifestação <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong> – a fusilaria da PIDE<br />

junto ao Palácio Foz, in Avante!, VI série, 342, Número especial <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1964<br />

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