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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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acção e a distribuir entre si a responsabilida<strong>de</strong> por frentes <strong>de</strong> trabalho – sindical,<br />

movimento juvenil e outras 346 .<br />

Olhavam o país e o mundo a partir do interior <strong>de</strong> um campo prisional localizado<br />

numa ilha atlântica, com base em informações profundamente filtradas pelos diversos e<br />

sucessivos mecanismos por que passavam até que <strong>de</strong>las pu<strong>de</strong>ssem dispor.<br />

Mediados pela distância e pelas condições prisionais, era por carta que <strong>de</strong>batiam<br />

com a direcção do partido no interior, saída do III Congresso, cujas conclusões<br />

criticavam <strong>de</strong> forma áspera, em particular a estratégia para o <strong>de</strong>rrube do regime,<br />

adoptando, frequentemente, um tom imperativo. Numa <strong>de</strong>ssas cartas, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong><br />

Novembro <strong>de</strong> 1944 afirmavam:<br />

“Não acreditais na política <strong>de</strong> transição. Deveis acreditar.<br />

Doutrinariamente ten<strong>de</strong>s disso a obrigação. E por lições <strong>de</strong> factos<br />

contemporâneos. Ve<strong>de</strong> como proce<strong>de</strong>u a URSS na Finlândia, na Roménia,<br />

na Bulgária, na Iugoslávia e na própria Polónia” 347<br />

Sustentavam que o <strong>de</strong>rrube do salazarismo resultaria <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sagregação interna do seu bloco político <strong>de</strong> apoio, admitiam que se po<strong>de</strong>ria traduzir<br />

num golpe militar, conchavando os sectores em dissidência do regime com a ala militar<br />

do MUNAF e com o apoio dos Aliados.<br />

Sobre a política <strong>de</strong> frente única e os movimentos grevistas <strong>de</strong> 1943 e 1944,<br />

acusavam o partido <strong>de</strong> os sobrevalorizar, entrando num caminho <strong>de</strong> esquerdização, <strong>de</strong><br />

que os “famigerados GAC” 348 como Júlio Fogaça se lhes refere, eram exemplo.<br />

Assinalavam então que os perigos <strong>de</strong>ssa radicalização, sem condições para<br />

vencer, po<strong>de</strong>ria suscitar uma repressão feroz que <strong>de</strong>sarticularia e <strong>de</strong>sanimaria o<br />

movimento operário, paralisando-o e bloqueando qualquer intervenção no curso dos<br />

acontecimentos por um período prolongado.<br />

Sustentavam, por isso, que não se <strong>de</strong>via radicalizar o movimento operário e<br />

popular e que a sua actuação se era fundamental, <strong>de</strong>via também contribuir para<br />

tranquilizar os sectores políticos e militares da burguesia liberal, pois como referiam<br />

“Dando sempre a primazia ao movimento <strong>de</strong> massas, que aliás não exlue mas o<br />

propicia, não se <strong>de</strong>ve por <strong>de</strong> parte um golpe <strong>de</strong> Estado, por cima, que será tanto mais<br />

346 [João Rodrigues ?], Uma autocrítica... p. 3<br />

347 Cit. por Ramiro [Júlio Fogaça], in Breve análise <strong>de</strong> alguns erros..., p. 4<br />

348 I<strong>de</strong>m, p. 12<br />

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