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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Do Tarrafal, José <strong>de</strong> Sousa, num acentuado processo <strong>de</strong> afastamento<br />

pronunciando-se sobre os métodos utilizados pelos “reorganizadores”, afirma numa<br />

carta enviada em 1942:<br />

“(...) <strong>de</strong>vo dizer-vos: que se me afigura ser um trabalho um trabalho<br />

conduzido por métodos extremamente sectários idênticos aqueles que<br />

caracterizam a vossa actuação aqui <strong>de</strong>ntro, sobretudo nos últimos dois<br />

anos, e, portanto, com idêntico resultado: agravar a situação do P. aqui<br />

<strong>de</strong>ntro e lá fora comprometendo-o e <strong>de</strong>sprestigiando-o perante as massas.<br />

Por isso <strong>de</strong>clino toda e qualquer responsabilida<strong>de</strong> com tais métodos,<br />

responsabilida<strong>de</strong> que, <strong>de</strong> resto, está bem ressalvada pela minha actuação<br />

nos últimos dois anos, criticando os vossos métodos mecânicos, sectários e<br />

em certa medida, policiais da Direcção do movimento” 225<br />

Em certa medida, mesmo que da sua parte, os tiques em termos <strong>de</strong> cultura<br />

política, não se diferenciassem substancialmente daqueles que <strong>de</strong>nunciava, não <strong>de</strong>ixava<br />

<strong>de</strong> abordar um aspecto importante do modo como todo o movimento “reorganizador” se<br />

processava e da forma como a direcção do partido lhes respondia.<br />

O que, aliás, não <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ser aproveitado pelo partido dos “grilistas”, que<br />

consi<strong>de</strong>ra José <strong>de</strong> Sousa “um velho, consciente e honrado militante, preso há muitos<br />

anos sob rigorosa vigilância policial, on<strong>de</strong> não podia <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se” 226 , das críticas com<br />

que o grupo “reorganizador” fundamenta a sua expulsão.<br />

Como que num fogo cruzado, à “Conferência da Camarada Beatriz”,<br />

respondiam os “reorganizadores” com “O Menino da Mata e o seu Cão Piloto”,<br />

redigido pelo próprio Fogaça que tinha sido anteriormente visado a nível pessoal, ainda<br />

que não explicitamente citado.<br />

Mesmo já em 1943, o informe <strong>de</strong> Álvaro Cunhal ao III Congresso sobre “A<br />

activida<strong>de</strong> do grupelho provocatório” não se afasta substancialmente do estilo<br />

dominante neste esgrimir <strong>de</strong> acusações e <strong>de</strong>dica todo um capítulo à biografia política <strong>de</strong><br />

vários dos “grilistas”, citando-os pelo nome próprio.<br />

Aliás, logo em 1941, num dos seus primeiros números, o Avante! dos<br />

“reorganizadores” comunica a irradiação <strong>de</strong> Vasco Carvalho, Cansado Gonçalves,<br />

Francisco Sacavém e outros “por activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregadora e provocatória” 227 , nem<br />

mais nem menos do que a direcção do velho partido.<br />

225 IAN/TT-PIDE/DGS, P. 73/GT, Camaradas..., [4]<br />

226 Unida<strong>de</strong>...trotskista, in Avante!, IV série, 19, Dezembro <strong>de</strong> 1944<br />

227 Irradiações, in Avante!, VI série, 3, Outubro <strong>de</strong> 1941<br />

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