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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Neste eixo Paris-Praga-Moscovo, consi<strong>de</strong>rando a Roménia com a Rádio<br />

Portugal Livre, estruturaram-se os principais aparelhos do <strong>PCP</strong> no exterior, aparelhos<br />

orientados para as relações com o movimento comunista internacional, para a formação<br />

<strong>de</strong> quadros, para acolher dirigentes saídos da prisão e a necessitarem <strong>de</strong> um período <strong>de</strong><br />

tratamento ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso antes <strong>de</strong> retomarem o trabalho partidário no país, para a<br />

realização <strong>de</strong> reuniões do Comité Central ou <strong>de</strong> congressos, como o VI, realizado em<br />

Kiev, para a captação <strong>de</strong> fundos ou <strong>de</strong> apoios <strong>de</strong> natureza técnica ou para a propaganda<br />

dirigida ao interior.<br />

Depois <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1962, as reuniões do Comité Central passaram a<br />

realizar-se em Moscovo, como a <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 1963; em Praga, como a <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong><br />

1964 ou em Paris.<br />

Estas tarefas passaram nos anos 60 a ser asseguradas por dirigentes do <strong>PCP</strong>, que<br />

não se consi<strong>de</strong>ravam exilados, mas militantes no cumprimento <strong>de</strong> uma função ou tarefa<br />

partidária, embora, na realida<strong>de</strong>, o universo e o ambiente em que se movimentavam<br />

fosse <strong>de</strong> facto o do exílio.<br />

Mas, a montante <strong>de</strong>stes dispositivos, era indispensável a existência <strong>de</strong> um<br />

aparelho <strong>de</strong> fronteira que permitisse a saída e entrada <strong>de</strong> quadros e dirigentes<br />

comunistas que, com regularida<strong>de</strong> e frequência tinham <strong>de</strong> ser colocados no exterior ou<br />

<strong>de</strong> se <strong>de</strong>slocar ao estrangeiro para as mais variadas tarefas.<br />

A existência <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong> fronteiras ou, pelo menos, <strong>de</strong> um aparelho <strong>de</strong><br />

apoio à circulação <strong>de</strong> quadros é conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos trinta e foi-se aperfeiçoando<br />

<strong>de</strong>pois da “reorganização”, ainda que sofrendo as oscilações <strong>de</strong>correntes da pressão<br />

repressiva.<br />

Basicamente, este dispositivo podia assentar em vários locais da raia fronteiriça,<br />

sendo directamente controlado por elementos da Direcção partidária, <strong>de</strong>signadamente<br />

por aqueles que controlavam a respectiva área geográfica, havendo um responsável ao<br />

nível do Secretariado, que pelo fim dos anos 50 foi Sérgio Vilarigues 1669 .<br />

A responsabilida<strong>de</strong> directa era atribuída normalmente a um militante local,<br />

normalmente em situação legal, que era controlado individualmente, <strong>de</strong> modo a blindar<br />

ao máximo o conhecimento do dispositivo, que, por sua vez, tinha contacto com<br />

passadores que era quem conduzia no terreno a operação <strong>de</strong> passagem da fronteira.<br />

O militante responsável pela operação acolhia os quadros a fazer sair do país,<br />

ligava-os ao passador que os colocava do lado <strong>de</strong> lá da fronteira, po<strong>de</strong>ndo ele próprio,<br />

1669 Cf. Margarida Tengarrinha, Quadros da Memória…, p. 43<br />

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