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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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tivera largas responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controlo junto do PC <strong>de</strong> Espanha e, por extensão do<br />

português, na conjuntura da <strong>guerra</strong> civil <strong>de</strong> Espanha e no seu rescaldo, “<strong>de</strong> organizar<br />

em Paris uma comissão para investigar o PC <strong>de</strong> Portugal” 1658 .<br />

Isto significou que o <strong>PCP</strong> que se forma a partir do Tarrafal no processo <strong>de</strong><br />

“reorganização” <strong>de</strong> 1940-41, ainda que absorvendo uma parte dos quadros<br />

internacionais formados na Escola leninista <strong>de</strong> Moscovo e o património herdado do VII<br />

Congresso da Internacional Comunista, se constrói sem ligações directas e muito menos<br />

regulares quer com a Internacional Comunista quer no quadro, <strong>de</strong>pois, do processo<br />

constitutivo do Kominform.<br />

O restabelecimento das relações internacionais do <strong>PCP</strong> só será é feito em 1947-<br />

48 através da longa viagem empreendida por Álvaro Cunhal, a partir dos contactos com<br />

a Legação Jugoslava em <strong>Lisboa</strong>, que lhe permite ser recebido em Março <strong>de</strong> 1948 por<br />

altos quadros da então <strong>de</strong>signada Secção <strong>de</strong> Política Externa do Comité Central do PC<br />

da Rússia, reunindo <strong>de</strong>signadamente com Mikhail Suslov, do Secretariado do CC do PC<br />

soviético, selando-se assim o restabelecimento das relações com o centro do movimento<br />

comunista internacional, numa altura em que o Kominform já caminhava para um ano<br />

<strong>de</strong> existência.<br />

Em Moscovo, tanto quanto é conhecido, permanecia apenas Francisco Ferreira,<br />

“O Chico da CUF”, a trabalhar nas emissões em língua portuguesa da Rádio Moscovo e<br />

com quem Cunhal contacta. Nessa altura, na sua opinião, Ferreira “trabalha muito<br />

isolado, tem provado bem, mas está fatigado” 1659 .<br />

No regresso, <strong>de</strong> novo via Praga, Cunhal contacta vários partidos comunistas, a<br />

começar pelo PC da Checoslováquia, mas também com o PC Brasileiro, com o<br />

uruguaio, por duas vezes com o Secretariado do PC <strong>de</strong> Espanha e, naturalmente, com o<br />

CC do PC francês, ainda que as velhas <strong>de</strong>sconfianças em relação ao <strong>PCP</strong><br />

permanecessem gran<strong>de</strong>s 1660 . Em França, contacta o núcleo <strong>de</strong> exilados comunistas.<br />

Apoia-se principalmente em Alfredo Pereira Gomes, matemático, irmão <strong>de</strong> Soeiro, e<br />

menos <strong>de</strong> João Santos, pedopsiquiatra, que era o responsável do PC em Paris, montando<br />

o sistema <strong>de</strong> ligações com o interior. Mas, concluindo por uma i<strong>de</strong>ia já formada:<br />

1658<br />

Cit. por José Manuel Milhazes Pinto, Quando a Internacional Comunista…<br />

1659<br />

Tribunal Criminal <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, 3º Juízo, Processo 14499/1949, 10º vol., Abril <strong>de</strong> 1948 – Para o Secretariado. Sobre MCI,<br />

apenso a fls 617<br />

1660<br />

Cf. José Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal, uma biografia política, Duarte, o Dirigente clan<strong>de</strong>stino 1941-1949, 2, <strong>Lisboa</strong>,<br />

Temas e Debates, 1999, p. 787<br />

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