19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A repressão ia, por sua vez, concentrando em Peniche um forte núcleo <strong>de</strong><br />

dirigentes comunistas. À fortaleza iam chegando os presos políticos já julgados e<br />

con<strong>de</strong>nados. Álvaro Cunhal <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longos anos <strong>de</strong> isolamento na Penitenciária <strong>de</strong><br />

<strong>Lisboa</strong> fora transferido para aí em Julho <strong>de</strong> 1956 e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 10 meses em Caxias por<br />

motivos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, permanecia no forte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1958. Francisco Miguel,<br />

estava lá também <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong>sse ano. Em consequência das prisões <strong>de</strong> 1958<br />

entraram em Peniche em Janeiro do ano seguinte Joaquim Gomes, Jaime Serra e Pedro<br />

Soares, qualquer <strong>de</strong>les do Comité Central, e um pouco mais tar<strong>de</strong>, em Maio <strong>de</strong>sse ano,<br />

Guilherme da Costa Carvalho.<br />

A organização prisional funcionava oleadamente, com contactos regulares entre<br />

os <strong>de</strong>tidos, apesar do agravamento das condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> disciplina prisional, e<br />

com o partido no exterior. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fuga estaria a ser preparada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong><br />

1959. As informações e os <strong>de</strong>bates sobre a linha política e o estado do partido, com os<br />

respectivos condicionalismos e limitações impacientavam a maioria <strong>de</strong>ste núcleo <strong>de</strong><br />

dirigentes.<br />

Álvaro Cunhal manifestava na prisão reservas sérias quanto à linha da solução<br />

pacífica, embora a separasse da política <strong>de</strong>finida pelo XX Congresso, cujos contributos<br />

positivos via mais em função da coexistência pacífica. Francisco Miguel insurgia-se<br />

contra os apelos aos <strong>de</strong>scontentes do regime, aos legionários honrados, mas seria<br />

censurado por Cunhal e outros, <strong>de</strong>vido aos excessos verbais que colocava nessas<br />

apreciações 958 .<br />

A concretização da fuga permitiria não só recompor e refrescar a direcção<br />

partidária, já que no grupo dos evadidos vinham quadros jovens – Carlos Costa e<br />

Francisco Martins Rodrigues – que seriam rapidamente cooptados para o Comité<br />

Central, como lançar quase <strong>de</strong> imediato um processo <strong>de</strong> rectificação, i<strong>de</strong>ntificando a<br />

política seguida nos últimos quatro a cinco anos como um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita em política<br />

e em organização.<br />

958 Cf. Entrevista com Francisco Martins Rodrigues, <strong>Lisboa</strong>, 7 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1997<br />

373

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!