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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Mais do que ingenuida<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atracção das correntes não comunistas<br />

a esta plataforma ou da mera reafirmação dos mesmos princípios sob novas roupagens,<br />

esta nova estratégia, parece ainda marcada por elementos muito agarrados à orientação<br />

anterior, cujos principais artífices eram José Gregório e Sérgio Vilarigues, mas, por<br />

outro lado, introduzindo <strong>de</strong> modo hábil e lento novos elementos, particularmente à<br />

sombra da distensão internacional e da recolocação da unida<strong>de</strong> no centro do dispositivo<br />

táctico do partido, on<strong>de</strong> é possível vislumbrar a acção <strong>de</strong> Júlio Fogaça e aqueles que o<br />

apoiavam, como Joaquim Pires Jorge, a quem nesta fase são entregues as principais<br />

intervenções políticas.<br />

É interessante notar que as organizações unitárias tuteladas pelo <strong>PCP</strong>, o MND e o<br />

MUD Juvenil vão <strong>de</strong>ixando e ser consi<strong>de</strong>radas como a frente antifascista, para se<br />

começar a falar numa espécie <strong>de</strong> constelação <strong>de</strong> movimentos alargados por objectivos<br />

específicos, “(...) caminho que levará à formação <strong>de</strong> uma frente nacional <strong>de</strong>mocrática,<br />

patriótica e <strong>de</strong> Paz, que conduzirá o nosso povo ao <strong>de</strong>rrubamento do fascismo e à<br />

vitória” 584 .<br />

Mas, a V Reunião Ampliada do CC incluiria ainda em agenda um segundo ponto<br />

<strong>de</strong> importância relevante. Tratava-se da apresentação do projecto <strong>de</strong> Programa do<br />

Partido, a cargo <strong>de</strong> Júlio Fogaça.<br />

Segundo o Projecto <strong>de</strong> Programa, a revolução republicana teria correspondido à<br />

revolução <strong>de</strong>mocrárico-burguesa no país, tendo o seu curso acentuado o carácter<br />

parasitário, monopolista e antinacional da burguesia, afastando-se dos interesses<br />

populares, pelo que a via para a <strong>de</strong>mocracia não podia contar nem com os que, mesmo<br />

na oposição, queriam, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>posto o regime, o mero retorno a um mo<strong>de</strong>lo político<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia burguesa.<br />

O Partido Comunista, pelo seu carácter <strong>de</strong> vanguarda revolucionária, pelo seu<br />

património i<strong>de</strong>ológico, pela sua combativida<strong>de</strong> e pela política <strong>de</strong> alianças que<br />

estabelece, faz com que “O <strong>de</strong>rrubamento do fascismo e o advento da <strong>de</strong>mocracia terão<br />

fatalmente <strong>de</strong> ser o resultado da nova correlação <strong>de</strong> forças, da participação cada vez<br />

mais <strong>de</strong>cisiva da classe operária, como força mais consequentemente combativa e<br />

<strong>de</strong>mocrática, na direcção da luta assim como na governação do país” 585 .<br />

Não sendo formalmente abandonada a via do levantamento nacional para o<br />

<strong>de</strong>rrube do regime tal como vinha sendo estabelecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reorganização <strong>de</strong> 1940-41,<br />

584 I<strong>de</strong>m, p. 21<br />

585 Projecto <strong>de</strong> Programa do Partido Comunista Português, Editorial «Avante!», 1954, p. 1<br />

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