19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

quanto ao que <strong>de</strong>fendia, mas a quem se dava a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconsi<strong>de</strong>rar. Seria,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong>stituído da Comissão Executiva, mas mantido no Comité Central,<br />

on<strong>de</strong> não havia nem vonta<strong>de</strong> nem interesse em <strong>de</strong>stitui-lo <strong>de</strong> imediato.<br />

Porém, em face <strong>de</strong> tudo isto, durante a própria reunião, nos intervalos, ia-se<br />

<strong>de</strong>cidindo que atitu<strong>de</strong> tomar em concreto, se permanecer em Moscovo, como uma<br />

espécie <strong>de</strong> secretário <strong>de</strong> Álvaro Cunhal, o que este não queria; se enviado para Paris sem<br />

autorização para regressar ao país, on<strong>de</strong> tinha ficado a sua companheira, como acabaria<br />

por se verificar.<br />

Martins Rodrigues contrapunha a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> regressar ao país e assumir funções<br />

partidárias no interior, mesmo que admitisse não ter condições para integrar organismos<br />

executivos. Mas se havia coisa em que o CC se mostrava irredutível era em <strong>de</strong>ixá-lo<br />

regressar ao país, pois naquelas condições, nem ele confiava na linha política<br />

prevalecente nem os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ssa linha confiavam na atitu<strong>de</strong> que iria tomar 1259 .<br />

Fixar-se em Paris era afinal como que colocá-lo <strong>de</strong> quarentena, a solução mais<br />

conveniente, portanto.<br />

Numa espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira tentativa <strong>de</strong> o recuperarem enviaram-no com<br />

Francisco Miguel numa retemperadora viagem pela União Soviética que durou <strong>de</strong> finais<br />

<strong>de</strong> Agosto a princípios <strong>de</strong> Outubro – Mar Negro, Geórgia, Leninegrado; uns dias na<br />

praia, outros numa casa <strong>de</strong> campo, outros em visitas aos mais variados locais, estadias<br />

em hotéis, recepções pelos dirigentes locais do PC soviético, honrarias, discursos. Pelo<br />

meio, sempre Francisco Miguel a insistir que Martins Rodrigues não estava a ver bem<br />

as coisas, que <strong>de</strong>via reconsi<strong>de</strong>rar…<br />

No entanto, o seu interesse era outro, era <strong>de</strong> procurar colher o maior número <strong>de</strong><br />

informações, <strong>de</strong> dados, <strong>de</strong> modo a que se pu<strong>de</strong>sse aperceber o melhor possível da<br />

situação do PC soviético, sobre o qual estava muito confuso e mantinha muitas<br />

ilusões 1260 .<br />

Já em Moscovo, impedido <strong>de</strong> sair à rua sozinho, por alegadas razões <strong>de</strong><br />

segurança ou por <strong>de</strong>sconhecimento da língua, consegue iludir a vigilância e sair,<br />

dirigindo-se à embaixada chinesa, on<strong>de</strong> chegou a admitir pedir asilo, mas acabando por<br />

regressar ao hotel.<br />

É finalmente enviado para Paris e instalado em casa <strong>de</strong> um casal <strong>de</strong> militantes do<br />

PCF e com acesso a uma outra instalação <strong>de</strong> apoio que havia sido <strong>de</strong> Joaquim Gomes,<br />

1259 Cf. Entrevista a Francisco Martins Rodrigues, <strong>Lisboa</strong>, 12 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1997<br />

1260 I<strong>de</strong>m<br />

501

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!