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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Comissão Política fosse chamada a isso ou sequer ouvida, reagindo mesmo ao elemento<br />

do Secretariado que o contacta, afirmando que “Era assim que Staline reunia o Bureau<br />

Político” 980 .<br />

Porém, nessas reuniões Fogaça acata o essencial das críticas <strong>de</strong> natureza política<br />

que lhe são feitas, <strong>de</strong>signadamente quanto à subestimação do papel da classe operária ou<br />

à unida<strong>de</strong> com as forças <strong>de</strong>mocráticas e assume-se como o principal responsável pelas<br />

<strong>de</strong>ficiências assinaladas nos documentos que redigiu em nome do Comité Central,<br />

embora se vá escudando no ambiente <strong>de</strong> trabalho existente, que diz ser tumultuário e em<br />

que tudo era apressadamente <strong>de</strong>batido.<br />

Admite que, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ambiente <strong>de</strong> trabalho, possa ter assimilado <strong>de</strong><br />

forma <strong>de</strong>feituosa e dogmática alguns aspectos <strong>de</strong> orientação da política partidária. No<br />

entanto, sempre vai acrescentando “que não tinha discordâncias com o Comité Central<br />

sobre os problemas em discussão” 981 e que estava convencido que o essencial dos<br />

documentos que elaborou correspondiam às i<strong>de</strong>ias do CC. Um exemplo disso seria<br />

justamente a solução pacífica, que sempre fora superficialmente discutido, mesmo no V<br />

Congresso, não estando o assunto ainda claro na própria direcção.<br />

Admite o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> que é acusado, todavia enten<strong>de</strong> que a raiz está no XX<br />

Congresso do PC da União Soviética, o que na prática correspondia a afirmar que as<br />

suas opiniões, precisamente as que ali eram criticadas, estavam legitimadas pelo mais<br />

recente congresso dos comunistas russos.<br />

Pires Jorge e os outros dirigentes escolhidos para participar nesta reunião<br />

concluíram que Fogaça reconhecia um conjunto <strong>de</strong> erros e <strong>de</strong>svios que lhe eram<br />

atribuídos, mas que continuava a manter as mesmas concepções, a subestimar o trabalho<br />

colectivo e a ajuda que o Comité Central lhe estava a prestar. Defendiam, em<br />

consequência que se tornava necessário aprofundar esta discussão não só com ele, mas<br />

na Comissão Política e no CC.<br />

Porém, nesta reunião, em que participou uma boa parte dos membros do Comité<br />

Central, Octávio Pato (Frazão) revela que o funcionamento do órgão dirigente era<br />

<strong>de</strong>ficiente e que em todo aquele período há responsabilida<strong>de</strong>s que são colectivas, mas<br />

também individuais. Confessa ter tido dúvidas quanto a Fogaça ter redigido o informe<br />

político ao V Congresso, mas acabou por concordar. Acha que ele se sobrestima a si<br />

980<br />

Comissão Política do CC do Partido Comunista Português, A tendência anarco-liberal na organização do trabalho <strong>de</strong><br />

direcção, Agosto <strong>de</strong> 1960, dact., p. 23<br />

981<br />

Cf. Sobre a realização da reunião com o camarada Y, mns, p. 2v, in TCL, 4º Juízo Criminal, Processo 134/62, (44695), 2º<br />

vol., apenso a fls 197<br />

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