19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Todavia, a organização do <strong>PCP</strong> nos meios académicos entrava numa fase <strong>de</strong><br />

viragem. Até meados <strong>de</strong> 1961 haviam prevalecido os velhos esquemas orgânicos dos<br />

tempos do MUD Juvenil, assentes em pequenos organismos, que não eram<br />

propriamente células, mas antes fracções, cujo objectivo, mais do que terem vida<br />

própria e iniciativa política, consistia apenas em assegurarem a orientação do partido<br />

nesse Movimento ou noutras organizações juvenis, como havia sido o caso da incipiente<br />

e efémera União da Juventu<strong>de</strong> Portuguesa.<br />

O número <strong>de</strong> jovens comunistas era, por isso, muito reduzido, ao passo que a<br />

orla <strong>de</strong>ste sector era gran<strong>de</strong>, mas composta por rapazes e raparigas que se viam, sob esta<br />

concepção, impedidos <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r ao partido.<br />

Carlos Costa, que <strong>de</strong>pois da fuga <strong>de</strong> Peniche é cooptado para o Comité Central,<br />

vai ser responsabilizado pelo trabalho juvenil a nível nacional e promove a realização <strong>de</strong><br />

pelo menos uma reunião <strong>de</strong> quadros estudantis para <strong>de</strong>bater a situação no sector 1147 , no<br />

âmbito da preparação da discussão a travar na Comissão Política e no Comité Central<br />

sobre esta importante área <strong>de</strong> actuação partidária.<br />

Para a Comissão Política do Comité Central, o <strong>de</strong>bate sobre as questões da<br />

juventu<strong>de</strong> correspondia à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reorientar o trabalho no sector, no quadro da<br />

profunda revisão a que sujeitavam todos os sectores e frentes <strong>de</strong> acção partidária.<br />

Reconhecia-se, por um lado, que a orientação anterior era <strong>de</strong>sajustada, mas que, por<br />

outro, também não existiam condições naquele momento para lançar uma organização<br />

<strong>de</strong> jovens comunistas, objectivo que se po<strong>de</strong>ria colocar mas a mais longo prazo.<br />

Não obstante, assentavam que “o que mais importa fazer, relativamente à<br />

juventu<strong>de</strong>, é criar organizações locais, e num ou noutro caso mesmo organizações<br />

regionais <strong>de</strong> jovens comunistas, tão fortes quanto possível” 1148 .<br />

Em Coimbra, por exemplo, este novo tipo <strong>de</strong> organização já se estava na prática<br />

a configurar. Silva Marques refere ter sido integrado na célula <strong>de</strong> Direito e pouco tempo<br />

<strong>de</strong>pois ter passado a pertencer ao secretariado da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, directamente controlado<br />

por um funcionário, isto é, uma estrutura separada organicamente dos sectores operários<br />

e empregados ou <strong>de</strong> intelectuais. Controlava, por sua vez, as células <strong>de</strong> Direito, Letras e<br />

das raparigas 1149 , que, mimetizando o espírito tão verberado na Carta a uma Jovem<br />

Portuguesa, não se misturavam nos mesmos organismos dos rapazes.<br />

1147 Cf. IAN/TT, Pi<strong>de</strong>-DGS, P. 19/GT, [Declarações <strong>de</strong>] Nuno Álvares Pereira, em 6 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1964, [61]<br />

1148 Resolução da Comissão Política do CC sobre a orientação do movimento da juventu<strong>de</strong>, O Militante, III série, 112, Agosto<br />

<strong>de</strong> 1961<br />

1149 Cf. J.A. Silva Marques, Relatos…, pp. 20-21<br />

450

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!