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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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o candidato do regime. Ainda assim, “cerca <strong>de</strong> 500 pessoas que foram para votar<br />

verificaram que estavam cortadas dos ca<strong>de</strong>rnos eleitorais” 874 .<br />

Mesmo que não fosse conseguido número superior <strong>de</strong> votos, a presença <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>lgados na contagem permitiu manter votações expressivas, como na Trafaria ou em<br />

Almada, <strong>de</strong> 160 e 460 votos, respectivamente.<br />

Em vários locais, como em Castelo Branco, inicialmente havia <strong>de</strong>legados da<br />

oposição nas mesas <strong>de</strong> voto, mas foram obrigados a abandonar os locais por intimidação<br />

policial 875 .<br />

Na Margem Esquerda do Guadiana, em Moura também <strong>de</strong> início havia<br />

fiscalização, até que teria chegado uma freira com um molho <strong>de</strong> votos que justificou<br />

serem <strong>de</strong> outras freiras e <strong>de</strong> doentes, como os <strong>de</strong>legados da oposição protestassem,<br />

acabaram por ser postos na rua. Em Vale <strong>de</strong> Vargo, a mesa <strong>de</strong> voto que habitualmente<br />

existia na al<strong>de</strong>ia foi suprimida e quem queria votar tinha <strong>de</strong> ir à se<strong>de</strong> do concelho, a<br />

Serpa. No litoral alentejano, em Sines, os <strong>de</strong>legados pu<strong>de</strong>ram estar presentes até à<br />

contagem dos votos, mas antes foram expulsos da sala. No Cercal do Alentejo e em<br />

Santo André, votaram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> indivíduos transportados em duas camionetas vindos<br />

<strong>de</strong> Palmela e sem estarem portanto inscritos nos ca<strong>de</strong>rnos locais. Em Ermidas e no<br />

Cercal venceu o general, o que motivou que o <strong>de</strong>putado Melo e Castro discursando na<br />

Câmara <strong>de</strong> Santiago do Cacém, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> conhecidos os resultados fosse bastante<br />

agreste contra os eleitores <strong>de</strong>ssas freguesias 876 .<br />

Loures:<br />

Como se afirmava num <strong>de</strong>sses relatórios, referente a Vila Franca <strong>de</strong> Xira e<br />

“Po<strong>de</strong> dizer-se que lá on<strong>de</strong> as massas conseguiram fazer uma fiscalização<br />

efectiva ou fizeram sentir a sua acção na conduta dos componentes das<br />

mesas eleitorais, o candidato da oposição venceu. On<strong>de</strong> a fiscalização não<br />

po<strong>de</strong> ser imposta pelas massas os fascistas pu<strong>de</strong>ram fazer, e fizeram,<br />

gran<strong>de</strong>s chapeladas” 877<br />

Para o <strong>PCP</strong>, os resultados eleitorais tinham sido fraudulentos. Era <strong>de</strong> uma burla<br />

eleitoral que se tratava. A violência policial contrastava com a forma pacífica como o<br />

povo se tinha manifestado. A prova <strong>de</strong>ssa violência eram as se<strong>de</strong>s encerradas à força, as<br />

prisões <strong>de</strong> <strong>de</strong>satacados apoiantes <strong>de</strong> Humberto Delgado nas vésperas e no próprio dia<br />

874<br />

Informações Políticas, 9 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1958, dact, p. 1, in Processo 92/62, 14º vol, apenso a fls 763<br />

875<br />

Cf Informações Políticas, dact., 9 pp, Junho <strong>de</strong> 1958, i<strong>de</strong>m<br />

876<br />

Cf Sobre o modo como <strong>de</strong>correu o acto eleitoral <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> Junho, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1958, dact., 4 pp, i<strong>de</strong>m<br />

877 Informações Políticas, s.d., dact., p. 1, i<strong>de</strong>m<br />

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