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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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orientações para a intervenção política do <strong>PCP</strong> e para procurar bloquear as <strong>de</strong>rivas que<br />

<strong>de</strong>ntro e fora das suas fileiras borbulhavam à esquerda.<br />

A consagração das “acções especiais” no quadro político em que eram admitidas<br />

e consi<strong>de</strong>radas não se podia circunscrever a mera retórica, mas também não podiam<br />

funcionar como válvula por on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem irromper e disseminar tendências fora do<br />

controlo e do enquadramento que se atribuíam a essas acções.<br />

Por outro lado, no movimento comunista internacional a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um partido que<br />

na Europa recorresse à luta armada era algo <strong>de</strong> insólito, que escapava à lógica <strong>de</strong><br />

equilíbrio entre as superpotências fomentada pela União Soviética e que surgia<br />

inevitavelmente enleado em suspeições esquerdizantes, numa altura em que o próprio<br />

dissídio sino-soviético vinha reforçar este tipo <strong>de</strong> apreciações, dificilmente<br />

beneficiando, por isso, <strong>de</strong> apoio político do centro do sistema comunista internacional.<br />

Sem per<strong>de</strong>r gran<strong>de</strong> tempo, ainda nesse ano <strong>de</strong> 1964, o Secretário-geral do <strong>PCP</strong><br />

assume nas suas mãos a direcção do processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> estruturas específicas para a<br />

preparação e eventual <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>ssas “acções especiais”.<br />

No interior do país Rogério <strong>de</strong> Carvalho, um dos quadros que se havia evadido<br />

<strong>de</strong> Peniche com Álvaro Cunhal, cooptado para o Comité Central provavelmente na<br />

reunião <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1964, quando era o responsável pela Direcção da Organização<br />

Regional <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, passa a controlar o sector militar 1382 e é incumbido <strong>de</strong> constituir o<br />

organismo a partir do qual se formaria a organização para as “acções especiais”.<br />

Logo em Junho os esforços para a formação <strong>de</strong>sse organismo estavam em<br />

marcha com a funcionalização <strong>de</strong> Raimundo Narciso e com a perspectiva <strong>de</strong> integração<br />

<strong>de</strong> mais dois militantes, que, todavia, se goraria. Ainda assim, Narciso e Carvalho vão a<br />

Moscovo para tratar directamente <strong>de</strong>ssa organização, don<strong>de</strong> partem para Cuba, a fim <strong>de</strong><br />

frequentarem um curso <strong>de</strong> guerrilha numa estadia <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três meses 1383 .<br />

Regressados ao país no segundo semestre <strong>de</strong> 1965, após uma passagem por<br />

Moscovo, os trabalhos <strong>de</strong> organização são retomados, criando-se estruturas <strong>de</strong> apoio<br />

logístico, recolhendo armas e explosivos e formando o embrião da primeira re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quadros. É inclusivamente organizada, em Setembro-Outubro, uma primeira acção que<br />

visava a explosão <strong>de</strong> instalações da NATO em Rio <strong>de</strong> Mouro e que falha por aparente<br />

1382 Cf. IAN/TT, PIDE-DGS, P. 90/GT, [573-74], [581-82] e [595]<br />

1383 Cf. Raimundo Narciso, ARA. Acção Revolucionária Armada. A história secreta do braço armado do <strong>PCP</strong>, <strong>Lisboa</strong>,<br />

Publicações Dom Quixote, 2000, pp 99-110<br />

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