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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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as cópias neste momento no arquivo central do <strong>PCP</strong>, uma das quais em boas condições<br />

77<br />

Por outro lado, apesar dos aci<strong>de</strong>ntes que levaram à prisão <strong>de</strong> um importante<br />

conjunto <strong>de</strong> dirigentes nos primeiros anos 60, com a transferência do Secretariado para<br />

o exterior, o arquivo <strong>de</strong>sse órgão ficaria a salvo até ao 25 <strong>de</strong> Abril, a que se <strong>de</strong>verá<br />

juntar o arquivo da Rádio Portugal Livre, um importante repositório da vida partidária e<br />

das movimentações sociais no país.<br />

Os materiais conservados no exterior, correspon<strong>de</strong>ntes a esse período, mas<br />

provavelmente muito mais amplos, configuravam um arquivo fundamental, para<br />

escrever a história do <strong>PCP</strong>. Alguns documentos e outros materiais que vêm sendo<br />

publicados <strong>de</strong> modo esparso e outros cedidos, mais recentemente ainda, para exposições<br />

atestam da importância <strong>de</strong>sse arquivo central.<br />

Todavia, o Arquivo do Partido Comunista Português continua completamente<br />

encerrado e inacessível, exceptuando-se cedências pontuais <strong>de</strong> documentos segundo<br />

critérios <strong>de</strong>terminados evi<strong>de</strong>ntemente pelo próprio partido.<br />

Na altura em que iniciámos a investigação nem sequer era possível consultar aí<br />

colecções completas <strong>de</strong> imprensa clan<strong>de</strong>stina quanto mais documentação interna como<br />

relatórios, originais <strong>de</strong> informes e circulares ou autobiografias.<br />

Objectivamente, ao proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ste modo, o Partido Comunista parece querer<br />

condicionar fortemente a escrita da sua História, ao mesmo tempo que não evi<strong>de</strong>ncia<br />

qualquer intenção ou interesse em escrevê-la.<br />

Neste quadro paradoxal, ainda assim, o <strong>PCP</strong> vem apodando <strong>de</strong> modo recorrente<br />

como falsos e ten<strong>de</strong>nciosos os estudos que o tomam como objecto histórico, sem que<br />

contraponha argumentos documentalmente sustentados nem permita o acesso aos seus<br />

arquivos no sentido <strong>de</strong> corrigir interpretações insuficientes e precárias.<br />

Extraordinariamente, as próprias circunstâncias repressivas, a feroz, sistemática<br />

e permanente perseguição <strong>de</strong> que o <strong>PCP</strong> foi alvo viriam a permitir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há alguns anos<br />

o acesso a alguma <strong>de</strong>ssa documentação interna, apreendida pela polícia, abertos ou<br />

semi-abertos que foram os arquivos políticos do Estado Novo.<br />

Durante a clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong>, mesmo po<strong>de</strong>ndo haver uma espécie <strong>de</strong> arquivo<br />

central, não se tratava, evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong> um arquivo operativo, mas mais <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>pósito com objectivos <strong>de</strong> preservar documentação, havendo sim arquivos pessoais, na<br />

posse <strong>de</strong> cada um dos principais dirigentes.<br />

77 Cf. Margarida Tengarrinha, Quadros da Memória, <strong>Lisboa</strong>, edições Avante!, 2004, p. 71<br />

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