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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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a<strong>de</strong>nsava e, por outro, como o assunto adquiria visível importância para o Partido<br />

Comunista.<br />

O importante documento da Comissão Política do Comité Central, <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong><br />

1960, sobre a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática consi<strong>de</strong>rava que “a luta contra o envio <strong>de</strong> tropas<br />

expedicionárias e os preparativos <strong>de</strong> <strong>guerra</strong>s coloniais como um dos objectivos que se<br />

coloca, a todas as forças <strong>de</strong>mocráticas” 1080 .<br />

Ao mesmo tempo vinha-se intensificando o processo <strong>de</strong> estruturação das<br />

correntes nacionalistas em direcção à criação <strong>de</strong> movimentos políticos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntistas.<br />

Neste processo, o <strong>PCP</strong> vinha exercendo consi<strong>de</strong>rável influência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década anterior,<br />

a partir do antigo núcleo <strong>de</strong> nacionalistas africanos que constituira a primeira geração da<br />

Casa dos Estudantes do Império, sobretudo <strong>de</strong> modo indirecto, através do MUD Juvenil.<br />

Mas uma pulsão autonomista por parte <strong>de</strong>stes jovens esteve sempre presente, a<br />

reflectir-se, por exemplo, logo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década, com a criação do Centro <strong>de</strong><br />

Estudos Africanos que durante cerca <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong>senvolve um intenso trabalho<br />

ligado à i<strong>de</strong>ntificação dos gran<strong>de</strong>s problemas e dos gran<strong>de</strong>s objectivos históricos que se<br />

colocavam ao continente africano e às colónias portuguesas em particular. E,<br />

insatisfeitos com o âmbito da sua acção, ainda promovem a constituição do Clube<br />

Marítimo Africano, por meio do qual pretendiam a aproximação aos trabalhadores<br />

africanos 1081 , aproveitando para estabelecer canais seguros <strong>de</strong> comunicação com as<br />

colónias.<br />

As tensões ocorridas no seio do MUD Juvenil entre a sua Comissão Central e o<br />

chamado grupo <strong>de</strong> jovens coloniais, muitos dos quais se encontravam justamente no<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Africanos, <strong>de</strong>corre do facto <strong>de</strong> serem encarados apenas como um<br />

segmento da juventu<strong>de</strong> portuguesa.<br />

Apesar <strong>de</strong> Agostinho Neto ter sido chamado à Comissão Central do MUDJ em<br />

representação da juventu<strong>de</strong> das colónias não viria a alterar significativamente esta<br />

situação. Aliás, o próprio Neto viria a animar um Movimento Democrático das Colónias<br />

Portuguesas, embora aparentemente se tratasse <strong>de</strong> um dos elementos que mais perto<br />

estava do próprio partido, a cujas fileiras pertenceria. Do mesmo modo, em Paris, on<strong>de</strong><br />

tinham entretanto chegado Marcelino dos Santos e Mário Pinto <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> formara-se<br />

um movimento com <strong>de</strong>signação igual.<br />

1080 A tarefa inadiável da hora presente – a unida<strong>de</strong>…<br />

1081 Cf. Dalila Cabrita Mateus, A luta pela in<strong>de</strong>pendência, Inquérito, <strong>Lisboa</strong>, 1999, pp 75-79<br />

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