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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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Em Setembro, a Comissão Política publica um documento – Três Problemas da<br />

Actualida<strong>de</strong> – que constitui a mais importante tomada <strong>de</strong> posição neste contexto,<br />

traçando o enquadramento internacional para a conjuntura que se atravessava, on<strong>de</strong> se<br />

colocava, inevitavelmente, a questão colonial.<br />

Há um alinhamento com os soviéticos quando às principais teses em matéria<br />

internacional – era possível evitar um novo conflito militar à escala mundial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

se criasse uma frente suficientemente po<strong>de</strong>rosa, assente no <strong>de</strong>senvolvimento da aliança<br />

entre o campo socialista, os jovens países que se libertaram do jugo colonial e os povos<br />

coloniais em luta pela sua in<strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong> modo a fazer recuar a agressivida<strong>de</strong><br />

imperialista, minada aliás por contradições internas.<br />

Ancorando-se nas conclusões do XX Congresso do PCUS e baseando-se nas<br />

palavras <strong>de</strong> Kroutchtchev ao XXI, o documento tece num longo parágrafo reparos<br />

aqueles que naquela altura sustentavam a inevitabilida<strong>de</strong> da <strong>guerra</strong>, apoiando-se nas<br />

teses <strong>de</strong> Lenine sobre o <strong>de</strong>senvolvimento do capitalismo.<br />

Nesta i<strong>de</strong>ia radicava justamente uma das principais divergências formais que<br />

vinha opondo os soviéticos aos comunistas chineses e que subia <strong>de</strong> tom. Con<strong>de</strong>navam-<br />

se assim, ainda que <strong>de</strong> modo indirecto, mas pela primeira vez, as posições dos chineses,<br />

levando mais longe o alinhamento com os soviéticos.<br />

Deste ponto <strong>de</strong> vista, retomando a tese <strong>de</strong> que Portugal era um país<br />

simultaneamente colonial e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, o problema português colocava-se à luz da<br />

eliminação completa do colonialismo no mundo. O colonialismo português seria assim<br />

inevitavelmente <strong>de</strong>struído e os povos coloniais, com ou sem <strong>guerra</strong>, ascen<strong>de</strong>riam à<br />

in<strong>de</strong>pendência num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bilitação profunda do próprio regime, cuja<br />

<strong>de</strong>struição, aliás, também continha uma forte componente <strong>de</strong> libertação nacional. 1099 .<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista internacional, a mudança <strong>de</strong> posição dos comunistas<br />

portugueses quanto à questão colonial, estabelecida a partir do Congresso <strong>de</strong> 1957, tem<br />

um claro suporte e uma directa inspiração soviética, que continuam a nortear a<br />

orientação partidária neste domínio, completamente imune a todas as inflexões <strong>de</strong><br />

natureza política que a rectificação do “<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita” implicou.<br />

As questões colocavam-se a jusante da doutrina soviética, nos termos em que a<br />

solução do problema colonial português é posta.<br />

A Comissão Política do <strong>PCP</strong> vai <strong>de</strong>dicar especificamente a esta matéria um<br />

documento em Novembro <strong>de</strong> 1960. Num comunicado em <strong>de</strong>z pontos, começa por<br />

1099 Cf. Três problemas da actualida<strong>de</strong>, in O Militante, III série, 106, Setembro <strong>de</strong> 1960<br />

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