19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Efectivamente, a situação evoluíra gravemente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do ano, com todo o<br />

impacto que o assassinato do General Delgado introduzira nas relações no seio das<br />

Oposições ao regime. Ia, apesar <strong>de</strong> tudo, uma diferença substantiva entre as<br />

consi<strong>de</strong>rações tornadas públicas no seguimento da reunião do Comité Central <strong>de</strong> Janeiro<br />

<strong>de</strong> 1965 e as que, alguns meses <strong>de</strong>pois, Ramos <strong>de</strong> Almeida ou, com registos<br />

semelhantes, outros dirigentes do <strong>PCP</strong> iam produzindo.<br />

A reunião <strong>de</strong> Janeiro não traçara propriamente gran<strong>de</strong>s orientações para a luta <strong>de</strong><br />

massas; tendo-se concentrado fundamentalmente no processo <strong>de</strong> lançamento do VI<br />

Congresso.<br />

O Relatório apresentado por Alexandre Castanheira em nome da Comissão<br />

Executiva, intitulado “Tarefas Actuais do Partido” é no essencial um documento sobre<br />

problemas <strong>de</strong> organização, ainda que abor<strong>de</strong> questões <strong>de</strong> natureza política e i<strong>de</strong>ológica.<br />

É interessante verificar como a apreciação feita é a <strong>de</strong> que se avançou bastante no<br />

terreno da política <strong>de</strong> alianças, <strong>de</strong>svalorizando objectivamente o retraimento da “direita<br />

oposicionista”, <strong>de</strong>signada <strong>de</strong> vacilante, tradicionalista e mais ou menos ligada a<br />

interesses coloniais, para afirmar mesmo, reportando-se à Frente instalada em Argel,<br />

que “a FPLN agrupa já hoje a parte mais válida, consequente e combativa da<br />

Oposição, aquela que se dispõe coerentemente a fazer a Revolução” 1339 .<br />

Em consequência, contava com a activida<strong>de</strong> e o dinamismo das Juntas <strong>de</strong> Acção<br />

Patriótica para a intervenção no período eleitoral, invocando inclusivamente, e para o<br />

efeito, as conclusões da III Conferência da FPLN, segundo as quais a Frente não<br />

<strong>de</strong>scartava a “mobilização das energias populares em torno das “eleições”<br />

fascistas” 1340 .<br />

O texto sobre as conclusões da reunião, lido algumas semanas <strong>de</strong>pois aos<br />

microfones da Rádio Portugal Livre, assenta nestes pressuposto, mas não <strong>de</strong>senvolve<br />

orientações significativamente diferentes do que era habitual:<br />

“O Comité Central insistiu particularmente na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a<br />

aplicação da luta <strong>de</strong> massas, recolhendo e generalizando as experiências das lutas<br />

travadas e elaborou as linhas gerais da actuação imediata em relação às lutas<br />

sobre o actual momento político em Portugal, cicl., 3 pp<br />

1339 Alexandre Castanheira (Relatório <strong>de</strong>), Reunião do Comité Central do Partido Comunista Português (Janeiro <strong>de</strong> 1965), Tarefas<br />

actuais do Partido, Edições «Avante!», sl., s.d., p. 29<br />

1340 Cit. I<strong>de</strong>m<br />

534

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!