19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

equilibradas funcionou como uma alavanca para tocar vastos sectores sociais <strong>de</strong> vários<br />

países capitalistas 476 .<br />

Jorge Amado, Aragon, Picasso, Neruda, Thomas Mann, Marc Chagall<br />

encontravam-se entre os subscritores <strong>de</strong> um documento que apelava “a todos os homens<br />

<strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong> no mundo” 477 para o subscrever.<br />

No lema do XII Congresso do PC Francês, que se realizou em Abril <strong>de</strong> 1950, – “<br />

A Paz, tarefa primordial” –, reflectia-se justamente a importância estratégica <strong>de</strong>ste<br />

remoçado veio da táctica comunista internacional. A mensagem liminar que daí saiu era<br />

<strong>de</strong> que a paz estava por um fio e que <strong>de</strong>fendê-la era responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos.<br />

O Kominform, não obstante reunir por um lado formalmente apenas nove<br />

partidos comunistas, dos quais só o francês e o italiano não se encontravam no po<strong>de</strong>r, e,<br />

por outro, ter havido o cuidado <strong>de</strong> ter adoptado essa <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Centro <strong>de</strong><br />

Informação, funcionava como verda<strong>de</strong>iro centro político, polarizado em torno do<br />

partido soviético e acompanhando e cavalgando o pulsar da conjuntura internacional.<br />

Qualquer dos seus três congressos o evi<strong>de</strong>ncia. São aí efectivamente traçadas as gran<strong>de</strong>s<br />

linhas orientadoras para todos os partidos comunistas, aliás diligentemente aceites e<br />

aplicada pela generalida<strong>de</strong>.<br />

No caso <strong>de</strong> Portugal, se havia um consi<strong>de</strong>rável atraso, relacionado,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, com acrescidas dificulda<strong>de</strong>s que se viviam internamente, mas sobretudo<br />

com o impacto que a ruptura no bloco oposicionista provocava; assim como com a<br />

ressaca face ao profundo golpe repressivo que tocara o Secretariado, pouco antes da<br />

realização do 1º Congresso Mundial da Paz, isso não significou que, particularmente a<br />

partir <strong>de</strong> 1950, não tivesse havido um esforço sério para a aplicação <strong>de</strong>ssas orientações.<br />

Num artigo <strong>de</strong> O Militante, <strong>de</strong> meados <strong>de</strong>sse ano, procura-se explicar que as<br />

reivindicações económicas dos trabalhadores ou da juventu<strong>de</strong>, as reclamações políticas,<br />

mais do que alavancas para o <strong>de</strong>rrube do regime, eram componentes, por subordinação,<br />

da gran<strong>de</strong> luta internacional em <strong>de</strong>fesa da paz, espécie <strong>de</strong> cimento <strong>de</strong> todos os domínios<br />

<strong>de</strong> intervenção partidária:<br />

“É preciso fazer compreen<strong>de</strong>r a todos os trabalhadores que a luta em<br />

<strong>de</strong>fesa da paz está intimamente ligada à luta pela <strong>de</strong>fesa dos seus<br />

interesses económicos, sociais e políticos e, portanto, que lutar pela <strong>de</strong>fesa<br />

da Paz representa ao mesmo tempo lutar pela <strong>de</strong>fesa dos seus interesses<br />

476 Cf. i<strong>de</strong>m, pp 125-129<br />

477 O Apelo <strong>de</strong> Estocolmo, in L’Histoire, 151, Janeiro <strong>de</strong> 1992, p. 60<br />

191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!