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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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quase permanente entre os membros dirigentes que chegava a roçar a falta <strong>de</strong> respeito<br />

pessoal, o que esgarçava completamente o trabalho colectivo, minava a unida<strong>de</strong> interna<br />

e facilitava o relaxamento da disciplina, com todas as inevitáveis consequências na falta<br />

<strong>de</strong> orientação e iniciativa política do partido.<br />

Como concluía a Comissão Política no projecto <strong>de</strong> documento que viria a ser<br />

aprovado em Dezembro <strong>de</strong> 1960 pelo CC:<br />

“A tendência anarco-liberal na organização do trabalho <strong>de</strong><br />

direcção influenciou toda a activida<strong>de</strong> partidária num sentido negativo, não<br />

só afrouxando o controlo, a vigilância e a disciplina, não só prejudicando a<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acção, a actuação política e organizativa, a estrutura orgânica,<br />

o conhecimento, selecção e educação dos quadros, como tornando as<br />

organizações do Partido, a começar pelo CC, mais vulneráveis à acção<br />

repressiva do governo fascista” 1007<br />

Em síntese, o que importava corrigir eram as tendências <strong>de</strong> afrouxamento do<br />

centralismo <strong>de</strong>mocrático, na disciplina partidária e no rigor do controlo <strong>de</strong> execução.<br />

Era nesse sentido que o Secretariado, principalmente, mas também a Comissão Política<br />

vinham trabalhando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1960, mas <strong>de</strong>parando-se com vícios e práticas<br />

enquistadas e viscosas.<br />

O artigo que, por exemplo, O Militante <strong>de</strong>dica em Maio à <strong>de</strong>fesa conspirativa do<br />

partido reclama uma viragem radical no estilo <strong>de</strong> actuação, consi<strong>de</strong>rado o tema “um<br />

aspecto central e <strong>de</strong>cisivo” 1008 , fazendo entroncar os problemas da vulnerabilida<strong>de</strong><br />

perante a vigilância e a repressão policiais num conjunto <strong>de</strong> práticas nocivas,<br />

precisamente as que vinham sendo apontadas e combatidas no documento sobre o<br />

<strong>de</strong>svio anarco-liberal em matéria <strong>de</strong> organização.<br />

Aliás, na reunião da Comissão Política <strong>de</strong> Setembro, a resolução tomada sobre<br />

problemas <strong>de</strong> organização vai prosseguindo esse esforço e, ao mesmo tempo,<br />

reconhecendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alargar o partido aos principais centros populacionais,<br />

industriais e agrícolas, estruturando-o organicamente do topo à base, dos secretariados<br />

<strong>de</strong> célula aos Comités Regionais 1009 .<br />

No Secretariado como na Comissão Política percebia-se bem que as conclusões<br />

a que se estava a chegar, os próprios caminhos da rectificação ao <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> direita<br />

1007 Comissão Política do CC do Partido Comunista Português, A tendência anarco-liberal…, p. 51<br />

1008 Cf. Por uma viragem radical no trabalho conspirativo, in O Militante, III série, 104, Maio <strong>de</strong> 1960<br />

1009 Cf. Resoluções da Comissão Política do Comité Central (Setembro <strong>de</strong> 1960), in O Militante, III série, 106, <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong><br />

1960<br />

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