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O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

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publicamente, em contraponto, a constituição legal da Causa Republicana 616 , o que,<br />

muito mais que uma picardia a pretexto da tolerância às correntes monárquicas que<br />

apoiavam o regime, se apresentava como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polarização<br />

oposicionista, que <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> fora os comunistas.<br />

Em torno <strong>de</strong>sta questão, contrariamente ao que suce<strong>de</strong>ra em diferentes ocasiões,<br />

a reacção dos comunistas não é <strong>de</strong> zurzir na iniciativa, mas antes <strong>de</strong> apoiar, como base<br />

para a construção da unida<strong>de</strong>:<br />

“(…) pensa o CC do <strong>PCP</strong> que po<strong>de</strong>remos chegar ao estabelecimento <strong>de</strong><br />

bases <strong>de</strong> uma imediata unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acção na <strong>de</strong>fesa dos seguintes objectivos<br />

que a Causa Republicana se diz disposta a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e com os quais o <strong>PCP</strong><br />

está <strong>de</strong> acordo. 1º ‘a união <strong>de</strong> todos os republicanos’; 2º “o esclarecimento<br />

da opinião pública com vista à sua função constitucional, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo-a <strong>de</strong><br />

todos os factores que a possam <strong>de</strong>sorientar’; 3º ‘a efectivação e o amplo<br />

exercício dos direitos e liberda<strong>de</strong>s cívicas consignados no Artigo 8º da<br />

Constituição’; 4º ‘o estudo <strong>de</strong> reformas <strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>mocrático e<br />

progressivo em todos os ramos da activida<strong>de</strong> nacional” 617<br />

Apenas se <strong>de</strong>marcava da querela República ou Monarquia, afirmando o seu<br />

republicanismo, mas preten<strong>de</strong>ndo atrair também os monárquicos dissi<strong>de</strong>ntes para a luta<br />

pela <strong>de</strong>mocracia e pela in<strong>de</strong>pendência nacional.<br />

A Causa Republicana, perante o in<strong>de</strong>ferimento na aprovação dos seus estatutos<br />

rapidamente se apagaria. Porém, o aprofundamento <strong>de</strong>stas questões por parte do <strong>PCP</strong><br />

embalaria a pretexto da imprevista circunstância.<br />

Esta atitu<strong>de</strong>, <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação a uma iniciativa que lhe era completamente exterior<br />

ao mesmo tempo que reconhecia formalmente um arreigado veio sectário tinha custos<br />

internos, implicava um movimento <strong>de</strong> crítica a esse sectarismo que, para ser eficaz,<br />

tinha que ir fundo e tirar consequências em termos <strong>de</strong> formulação político-doutrinária.<br />

As críticas que <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do partido se faziam à linha política haviam-se<br />

aparentemente contraído muito com o processo da troika provincial do norte, em que a<br />

maioria dos seus membros pertencia inclusivamente ao Comité Central e haviam sido,<br />

todos eles, exemplarmente sancionados – da <strong>de</strong>scida <strong>de</strong> escalão à expulsão.<br />

616 Cf. Susana Martins, A reorganização do II Movimento Socialista na Oposição ao Estado Novo (1953-1974), Dissertação <strong>de</strong><br />

mestrado, FCSH/<strong>UNL</strong>, <strong>Lisboa</strong>, 2001, cicl., p. 61<br />

617 Para a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mocratas portugueses…<br />

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