19.04.2013 Views

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

O PCP e a guerra fria.pdf - RUN UNL - Universidade Nova de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> uma manobra fraccionista e anti-partido, porque os argumentos <strong>de</strong> ambos eram<br />

idênticos, exigindo-lhes que se autocriticassem 590 .<br />

Foi neste clima aliás que a discussão teria sido abruptamente encerrada pelo<br />

próprio Fogaça.<br />

Mas as questões que a troika do Norte colocava, girando em torno do conceito <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong> da classe operária ou <strong>de</strong> frente única operária, tal como havia sido <strong>de</strong>lineada<br />

nos III e IV Congressos, reportavam-se ainda aos “Problemas camponeses tratados com<br />

maior <strong>de</strong>staque e diferente dos da classe operária: posição da classe operária tratado<br />

<strong>de</strong> um modo um tanto disperso e sem o relevo necessário” 591 .<br />

João Rodrigues acrescenta ainda ser incompreensível que quando referida a<br />

política <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e <strong>de</strong> relações económicas e culturais com todos os países do mundo<br />

não seja feita referência explícita à União Soviética, à China ou aos países <strong>de</strong><br />

Democracia Popular.<br />

Na V Reunião esses argumentos foram reduzidos a aspectos pessoais ou<br />

orgânicos, os dirigentes que ousaram levantar a ponta da crítica foram intimidados, no<br />

mínimo, a circunscrevê-la. A questão do pessoalismo, do fraccionismo, do espírito anti-<br />

partido ofuscavam o essencial:<br />

“(...) logo que o elemento do “secretariado” interveio com todas as<br />

acusações (...), todos os presentes à reunião intervieram para dizer AMEN!<br />

Georgette Ferreira foi um dos elementos mais zelosos, que quis dar um<br />

exemplo do meu trabalho fraccional ali mesmo na reunião por me ter visto<br />

a falar com um camarada sentado a meu lado (estava a falar com Virgínia<br />

Moura)!” 592<br />

Mas o que continuava subjacente era a crítica à “Política <strong>de</strong> Transição” e a<br />

oposição que sectores do partido lhe vinham continuando a mover, incluindo alguns dos<br />

que a haviam <strong>de</strong>fendido no Tarrafal, como o próprio João Rodrigues, das quais se<br />

procurara afastar pela autocrítica.<br />

A face visível e prática <strong>de</strong>sta questão assentava na oposição a que Júlio Fogaça<br />

ascen<strong>de</strong>sse ao Secretariado do Comité Central, no qual se misturariam estas questões<br />

com uma antipatia e querelas pessoais.<br />

Porém, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 1951 que o Secretariado aceita a quinta autocrítica <strong>de</strong><br />

Fogaça, em que este reconhece que “A política <strong>de</strong> Transição era toda ela<br />

590 Cândida Ventura, O “Socialismo”..., pp 49-50<br />

591 J.P. [João Rodrigues], Ao Secretariado do Partido, dact., p. 5, in TCL, 3º Juízo Criminal, P. 16503, 3º vol., apenso a fls 363<br />

592 Cândida Ventura, O “Socialismo”..., pp 49-50<br />

229

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!